quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Cartel dos trens atuou por dez anos e nenhum tucano sabia de nada

A Siemens revelou que o cartel agiu durante pelo menos uma década – governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. E ninguém do PSDB sabia de nada. Essa é a 'conclusão' da Polícia Federal.

Polícia Federal indicia 33 por cartel de trens em São Paulo

Redação
04 dezembro 2014 | 02:00

Entre os suspeitos estão ex-diretores de estatais que fecharam contratos durante governos tucanos no Estado; eles negam irregularidades

Fausto Macedo
A Polícia Federal concluiu o inquérito sobre o cartel metroferroviário que operou em São Paulo entre 1998 e 2008. Foram indiciados 33 investigados por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e crime licitatório. Cerca de R$ 60 milhões dos alvos estão bloqueados. O inquérito chegou à Justiça Federal na segunda-feira.
Entre os indiciados estão servidores públicos, doleiros, empresários e executivos de multinacionais do setor que teriam participado do conluio para obter contratos com o Metrô de São Paulo e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). “A vítima é a sociedade”, avalia a Polícia Federal.
As duas estatais “foram usadas, foram vítimas” do ajuste das empresas. O relatório final mostra que ex-dirigentes foram enquadrados, como João Roberto Zaniboni, que integrou os quadros da CPTM entre 1999 e 2003. Também foi indiciado o consultor Arthur Teixeira, apontado como lobista e pagador de propinas.
O ex-governador e senador eleito José Serra (PSDB), intimado para depor como “investigado”, não foi indiciado. A PF não identificou ligação do tucano com o cartel, nem com crimes transnacionais (lavagem de dinheiro e evasão). Serra foi citado por um ex-executivo da Siemens, Nelson Marchetti, segundo o qual o então governador paulista, em 2008, o teria advertido para que a multinacional alemã não entrasse com ação na Justiça contestando a contratação da espanhola CAF na licitação para compra de 384 carros da CPTM. Serra desmentiu o executivo.
Em acordo de leniência firmado em 2013 com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Siemens revelou que o cartel agiu durante pelo menos uma década – governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.
Delator. Em outubro de 2013, a PF tomou depoimentos de dois ex-diretores da Siemens, em delação premiada. Everton Rheinheimer, um dos delatores, citou deputados como supostos beneficiários de propinas do cartel.
Os autos foram remetidos ao Supremo Tribunal Federal, que detém competência para processar parlamentares. Em fevereiro de 2014, o STF devolveu à PF em São Paulo a parte da investigação que não atinge autoridades com foro privilegiado. A PF deu início a uma longa bateria de depoimentos e laudos financeiros que confirmam o fluxo de recursos ilícitos em contas dos suspeitos.
Alguns investigados já haviam sido indiciados antes da remessa do inquérito ao STF. A outra parte foi enquadrada após o retorno dos autos.
Os alvos foram indiciados a partir de envolvimento com ilícitos de competência federal – os crimes transnacionais, evasão e lavagem, e os crimes conexos, cartel e violação ao artigo 92 da Lei de Licitações por mudanças de contratos.
A delação de Rheinheimer foi ratificada pelas provas reunidas no inquérito. A PF empenhou-se em cumprir sua missão para não deixar sem resposta a sociedade sobre o cartel.
Os quase R$ 60 milhões dos investigados já tinham sido embargados pela Justiça em outubro de 2013, a pedido da PF. Os ativos continuam bloqueados.
O advogado Eduardo Carnelós, que defende Arthur Teixeira, rechaça a suspeita. “O sr. Arthur nunca foi lobista.”
Zaniboni mantinha conta secreta na Suíça com saldo de US$ 826 mil. O dinheiro, segundo seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, já foi repatriado pelo próprio Zaniboni, com recolhimento de impostos.

Obtido de : http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/policia-federal-indicia-33-por-cartel-de-trens-paulista/ 

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Procurador que engavetava investigações da Alstom está na mira do Ministério Público

Órgão do Ministério Público abre processo contra procurador



O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) abriu processo disciplinar contra o procurador da República Rodrigo de Grandis por entender que há indícios de que ele descumpriu dever legal de sua função ao deixar parado por quase três anos um pedido de investigação da Suíça relativo ao caso Alstom.
O despacho do CNMP (órgão de controle externo do Ministério Público) aponta que ao final do caso Grandis pode receber a pena de censura, a segunda mais branda na lista de punições para procuradores e promotores.

A abertura do processo administrativo disciplinar contra Grandis foi determinada pelo corregedor do CNMP Alessandro Tramujas Assad na última sexta-feira (24).
A medida encerra a sindicância iniciada em novembro do ano passado após a Folha revelar o engavetamento do pedido da Suíça. Agora Grandis terá a oportunidade de apresentar sua defesa.
O despacho do corregedor do CNMP indica "violação, em tese", dos deveres de "cumprir os prazos processuais", "desempenhar com zelo e probidade as suas funções" e "adotar as providências cabíveis em face das irregularidades de que tiver conhecimento ou que ocorrerem nos serviços a seu cargo".
A sindicância do CNMP teve desfecho diferente da apuração interna do Ministério Público Federal, que arquivou o caso em abril por entender que a conduta de Grandis não prejudicou as investigações e não houve falta funcional do procurador.
Em ordem de gravidade, as penas aplicáveis aos promotores e procuradores brasileiros são de advertência, censura, suspensão, demissão e cassação de aposentadoria.



FALHA ADMINISTRATIVA
Em outubro de 2013, a Folha informou que procuradores da Suíça se cansaram de esperar pela cooperação de Grandis por quase três anos e arquivaram as investigações sobre acusados de distribuir propina da multinacional francesa Alstom para servidores e políticos do PSDB.
O requerimento feito pelas autoridades suíças em fevereiro de 2011 foi para que o Ministério Público brasileiro interrogasse quatro suspeitos do caso, analisasse sua movimentação financeira no país e fizesse buscas na casa de João Roberto Zaniboni, que foi diretor da estatal CPTM entre 1999 e 2003, nos governos do PSDB de Mário Covas e Geraldo Alckmin.
Após a indagação da reportagem no ano passado, a explicação de Grandis foi a de que o gabinete dele cometeu uma "falha administrativa" que levou o pedido da Suíça a ser arquivado numa pasta errada e assim ficar parado.
Após a divulgação do fato, o CNMP e o Ministério Público Federal iniciaram apurações e a cooperação jurídica com a Suíça foi retomada.
DEFESA
O procurador Rodrigo de Grandis informou que ainda não foi comunicado sobre a instauração do processo.
"Não obstante, tenho convicção que prevalecerá a decisão da Corregedoria do Ministério Público Federal no sentido de que não cometi qualquer falta funcional ou mesmo prejuízo para as investigações do caso Alstom", afirmou o procurador.

domingo, 9 de novembro de 2014

Cartel da CPTM e Metrô: Serra desmentiu executivo da Siemens

Alguém esperava outra coisa? Serra desmente versão de executivo da Siemens. Afinal, se me pegarem de meia, ainda tenho uma desculpa.

À PF, Serra desmentiu executivo da Siemens

Redação
09 novembro 2014 | 17:30

Senador eleito pelo PSDB disse, no depoimento de 29 de outubro, que não pediu a Nélson Marchetti para multinacional deixar de ir à Justiça

Por Fausto Macedo

O senador eleito José Serra, do PSDB, negou à Polícia Federal que em 2008 tivesse advertido o executivo Nelson Branco Marchetti, da Siemens, para que a multinacional alemã não entrasse com ação na Justiça contestando a contratação da espanhola CAF na licitação para compra de 384 carros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
O depoimento de Serra ocorreu no dia 29 de outubro na PF em São Paulo no inquérito que investiga a ação do cartel metroferroviário. Seu relato, agora conhecido na íntegra, foi tomado pelo delegado Milton Fornazari Junior. São duas páginas da versão do ex-governador.
Em acordo de leniência firmado em 2013 com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), a Siemens denunciou que o cartel agiu no período entre 1998 e 2008, no Distrito Federal e em São Paulo (governos Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin).
A PF chamou Serra porque ele foi citado formalmente por Nélson Marchetti, um dos lenientes do acordo que a Siemens fechou com o CADE, órgão antitruste do governo federal.
Segundo Marchetti, durante um encontro na Holanda, em 2008, Serra, então governador de São Paulo (2006/2010), o advertiu que se a multinacional alemã recorresse judicialmente contra a licitação vencida pela CAF ele anularia a concorrência. “No edital havia a exigência de um capital social integralizado que a CAF não possuía. Mesmo assim, o então governador (José Serra) e seus secretários fizeram de tudo para defender a CAF”, afirmou Marchetti.
À PF, o ex-governador desmontou a versão do executivo. Inicialmente, Serra disse que “não se recorda de ter tido contato com ele (Marchetti), tampouco se lembra de ter conversado com ele” durante um evento do setor metroferroviário internacional, em Amsterdã, Holanda, ocorrido no primeiro semestre de 2008.
A PF indagou a Serra: “No âmbito da licitação para aquisição de 320 e 64 carros da CPTM, manifestou a Nelson Branco ou a qualquer outra pessoa, inclusive seus secretários ou outros subordinados, que se abstivessem de propor recursos administrativos ou ações judiciais contra a decisão administrativa de qualificação da empresa CAF?”
A resposta do ex-governador: “Não.”
Serra declarou que “o entendimento adotado na época foi que caso o vencedor do certame fosse desalojado pela Justiça, na qualidade de governador, orientaria o cancelamento do certame, convocando nova licitação, eis que a segunda melhor proposta era R$ 700 milhões, aproximadamente, acima da proposta vencedora”.
Questionado se teve conhecimento sobre a formação do cartel, pagamento de propinas para servidores públicos paulistas e caixa 2 para campanhas políticas, no âmbito das licitações da CPTM e do Metrô de São Paulo, auto denunciadas ao CADE, o senador eleito pelo PSDB respondeu: “Que não teve conhecimento, se soubesse teria tomado as providências e acha bom que se investigue.”
A PF perguntou a Serra se ele conhecia o executivo José Luís Alqueres, ex-presidente da Alstom, empresa apontada como integrante do cartel. O motivo do questionamento foi um e-mail de Alqueres, no qual o ex-número 1 da multinacional francesa no Brasil diz a seu interlocutor que o então governador teria participado das negociações que envolveram a compra da Mafersa pela Alstom. Serra respondeu: “Que não se recorda de ter opinado sobre o assunto. Que se recorda de ter conhecido José Luís Alqueres aproximadamente em 2009 ou 2010, quando ele era presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Que não se recorda de ter tido contato com José Luís Alqueres na qualidade de presidente do Grupo Alstom, seja como prefeito ou governador.”
Ele disse que na época foi convidado por Alqueres para dar uma palestra.
O tucano afirmou, ainda, que “não se recorda” de ter recebido, na qualidade de governador, dirigentes ou representantes do setor metroferroviário. “Como autoridade pública recebe ou cruza com muitas pessoas, inclusive comitivas de vários setores, mas não se recorda de ninguém deste setor metroferroviário nominalmente.”
Ele afirmou que “não conheceu” o executivo Arthur Teixeira, que a PF aponta como lobista do cartel. Declarou que “não discutia diretamente com o presidente ou diretores da CPTM e do Metrô, acerca das licitações conduzidas por essas empresas públicas”.
Segundo Serra, quem tratava com o Metrô e a CPTM “eram o Secretário de Transportes Metropolitanos, a Casa Civil ou a Secretaria do Planejamento”.
Também declarou que “não conheceu” três ex-diretores da CPTM que a PF já indiciou criminalmente por corrupção passiva e organização criminosa – João Roberto Zaniboni, Oliver Hossepian e Ademir Venâncio de Araújo. Eles negam os crimes que a PF lhes atribui.
Ao final da audiência, Serra entregou ao delegado Milton Fornazari Junior cópia do despacho da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo que decretou o arquivamento do inquérito civil na área de improbidade administrativa sobre sua suposta participação no cartel metroferroviário.
Serra grifou 15 linhas do documento da Procuradoria-Geral: “A leitura atenta das declarações da referida testemunha (Nelson Marchetti) conduz justamente ao entendimento contrário. O relato, longe de levantar suspeita contra o ex-governador, revela, ao contrário, a justa preocupação do Chefe do Executivo (Serra) em relação aos prejuízos que poderiam advir ao Estado caso a proposta vencedora do certame (apresentada pela empresa CAF) fosse desqualificada em virtude de medidas judiciais intentadas pelo Siemens.”
LEIA A ÍNTEGRA DO DEPOIMENTO DE JOSÉ SERRA À PF
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Fonte: http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/a-pf-serra-desmentiu-executivo-da-siemens/

 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Vladimir Safatle - A Educação de Aécio

21/10/2014

 "(...) se isso não basta, façam uma pesquisa e perguntem qual é a situação da Universidade Estadual de Minas Gerais, esta sim sob a responsabilidade direta do senhor Aécio e seu grupo."


Quem realmente se importa com a educação nacional não pode decidir seu voto sem antes refletir sobre alguns dados a respeito de nossas universidades.

Queiram seus protagonistas ou não, esta é uma eleição de retrovisor. Não só o governo apoia-se principalmente naquilo que já fez, usando o discurso da perda possível do que foi conquistado como motor de mobilização. A oposição também se apresenta com basicamente os mesmos personagens vindos do finado governo FHC.
Desde o responsável pelo programa econômico até a responsável pelo programa de educação, todos, a começar pelo próprio Aécio Neves, estiveram organicamente ligados aos oito anos de governo FHC. Não houve autocrítica alguma nem renovação ou reposicionamento a partir dos fracassos passados. Por isso, impossível não esperar a reedição do que o país já viu nos anos 90.
Vale a pena insistir neste ponto porque o legado educacional desses anos foi lamentável. Durante oito anos, o país não inaugurou nenhuma (há de se sublinhar, nenhuma) nova universidade federal. Ao contrário, quando o sr. Paulo Renato entregou seu cargo de Ministro da Educação, o país conhecera oito anos sem concursos públicos para professores universitários, deixando um déficit de 7.000 professores no sistema nacional.
Apenas a título de exemplo, a UFRJ, uma das mais importantes universidades do país, diminuiu (sim, diminuiu) em 10%, sendo obrigada, entre outras coisas, a fechar cursos noturnos por não ter dinheiro para pagar a conta de luz (não, isso não é uma metáfora). Bem, depois de 2002, 18 novas universidades federais foram inauguradas.
Como se não bastasse esse legado, seu partido, no governo do Estado de São Paulo há mais de duas décadas, é atualmente responsável direto pela situação falimentar das universidades paulistas. Afinal, é o governador do Estado que indica os reitores, muitas vezes contra as escolhas da maioria da comunidade acadêmica, como foi com o polêmico senhor João Grandino Rodas. Nestes anos de Tucanistão, o Estado paulista impôs um ritmo de crescimento às universidades desprovido de dotação orçamentária para tanto. O resultado é a crise que aí está.
Agora, se isso não basta, façam uma pesquisa e perguntem qual é a situação da Universidade Estadual de Minas Gerais, esta sim sob a responsabilidade direta do senhor Aécio e seu grupo. Suas condições deterioradas de trabalho, com seus professores "designados" e sua infraestrutura precária, são conhecidas no meio acadêmico e motivos de greves periódicas.
Com toda esta história e este presente, há de se perguntar: é essa "renovação" que o país precisa?

Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2014/10/1535578-a-educacao-de-aecio.shtml




Alckmin critica ONU por culpar governo do estado pela crise hídrica

Política

Água

Alckmin critica ONU por culpar governo do estado pela crise hídrica

O governador de São Paulo enviou um ofício ao secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, condenando os métodos utilizados pela relatora especial que culpou o governo pela crise do Sistema Cantareira 
 
 
 
Um ofício obtido pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues mostra uma crítica do governador Geraldo Alckmin à relatora especial da ONU, Catarina de Albuquerque, por ter culpado o governo de São Paulo pela crise hídrica pela qual o estado vem passando. Na segunda-feira 20, o Sistema Cantareira atingiu sua menor média histórica com 3,5% de sua capacidade, já acrescido o montante do volume morto. Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Alckmin exige que a relatora faça retratações a respeito do relatório e ameaça não comparecer à Cúpula Climática que ocorreu na sede da ONU em Nova York, no fim de setembro. O ofício foi enviado no dia 9 de setembro e traz duras críticas à relatora, que, segundo Alckmin, não mostrou interesse em mostrar que "desde o ano passado, a seca atingiu níveis graves e sem precedentes".
Em setembro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Catarina afirmou que "a seca pode ser importante, mas o racionamento de água precisa ser previsto, e os investimentos necessários precisam ser feitos". "A responsabilidade é do Estado, que precisa garantir investimentos em momentos de abundância", completou.
O governador de São Paulo, entretanto, acusa Catarina de não ter tido iniciativa de conhecer representantes da Sabesp e que o relatório elaborado está permeado de erros técnicos, como apontar a média de desperdício do estado (31,2%, como afirma Alckimin no ofício) como sendo a média de desperdício nacional (em torno de 40%).
O governador de São Paulo também critica a elaboração do relatório a poucos meses das eleições, onde Alckmin concorria à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. "Gostaria, portanto, de propor que a ONU contribuísse para o entendimento completo da situação através da alteração da informação transmitida à população de São Paulo pela relatora especial. Se a correção não for feita, eu seria obrigado a acreditar que a relatora especial encarna integralmente a posição das Nações Unidas sobre o assunto, e, assim, eu estarei incerto da capacidade de a organização em sediar a Cúpula Climática e mostrar propriedade, criatividade e liderança em um assunto de importância vital e global", declara o governador sobre o evento que ocorreu em 23 de setembro, em Nova York.

Obtido de: http://www.cartacapital.com.br/politica/alckmin-critica-onu-por-culpar-o-estado-pela-crise-hidrica-6976.html
 

Vladimir Safatle - A indignação seletiva dos tucanos

Política

Análise / Vladimir Safatle

Indignação seletiva

O PSDB nunca fez a autocrítica de suas experiências de poder. Acusa os adversários de corrupção enquanto minimiza seus malfeitos. Por Vladimir Safatle 
 
Quem não está disposto a fazer a crítica radical da experiência tucana de governo não tem direito algum de criticar o lulismo e seus resultados. Nada mais farsesco na política brasileira do que encenar indignação contra casos graves de corrupção na Petrobras e adjacências sem nunca ter se indignado radicalmente contra a corrupção no Metrô paulistano, com os nepotismos do senhor Aécio Neves e sua irmã, que controlava a verba de comunicação de Minas Gerais, com os milhares de casos de corrupção no governo FHC ou com os 70 pedidos de CPIs arquivados na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Quem age desta forma, baseado em uma verdadeira indignação seletiva, age como quem acredita haver, na política brasileira, uma espécie de “direito de corrupção” entregue pela vontade divina a certos grupos de políticos nativos.
Ao ser questionado em debate sobre a corrupção de seu partido, o senhor Aécio Neves limitou-se a dizer: “Trata-se de coisas diferentes”. Isso quando não levantou o dedo contra acusações dessa natureza e classificou de “leviana” sua interlocutora. É verdade. Há uma diferença fundamental entre a corrupção tucana e a corrupção petista: graças às relações obscuras e pouco republicanas, certos setores da mídia esquecem delas mais rapidamente. Alguns veículos falam um pouco de tais casos, sem mostrar aquele espírito investigativo que muitos gostariam de ver. Outros nem sequer se veem na obrigação de citar. Como não lembrar da maneira com que revistas como a Veja trataram a informação, quando apareceu, de que o “mensalão” tinha nascido na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998? Sequer deram uma notícia sobre uma situação que em qualquer lugar do mundo seria bombástica, o presidente do partido de oposição envolvido em um escândalo que tomou de assalto o governo. Há de se acreditar que tais veículos não teriam muito problema em implementar práticas dessa natureza em eventual governo tucano.
Dessa forma, o jogo de poder parece encontrar uma estabilidade ao gosto das polainas da República Velha. Por isso, não estaremos incorrendo em erro ao afirmar que os que se indignam com o petismo e demonstram complacência covarde com a experiência tucana de governo não se incomodam realmente com a corrupção. Pois quem não tolera o assalto ao bem comum vê todos os casos como igualmente insuportáveis, aplica uma postura jacobina na defesa do comum e pede punição exemplar a todos, sem exceção.
Da mesma forma, a indignação com a incompetência governamental não justifica forma alguma de voto no tucanato. Os mesmos que se revoltam contra o governo federal neste ponto votam sem culpa em outra administração, como a do senhor Geraldo Alckmin, que produziu, entre outras pérolas, uma inacreditável situação de falta de água no estado de São Paulo, misto de ausência de capacidade de planejamento, desmonte de empresas públicas e jogo de empurra para não decretar racionamento em época de eleição. A única razão para não se indignar com tamanha incompetência é acreditar ser natural viver no Tucanistão, com suas figuras de autoridade aclamadas em votação sem segundo turno.
Por isso, em caso de retorno do tucanato, o País abriria as portas a um partido que nunca fez autocrítica de suas experiências de poder e cujos eleitores acham normal que ele continue a não fazê-lo. Tal ausência de autocrítica é tamanha que uma legenda que promete “mudanças” não vê problema em apresentar à nação uma equipe de governo constituída basicamente por figuras que administraram o Brasil há mais de uma década. É como dizer ao povo que a perda do governo em 2002 foi apenas um erro de trajetória e que não há nada a rever a partir do alijamento do poder. Fato notável. Imaginem: estamos no Reino Unido e David Cameron, então líder da oposição no Partido Conservador, resolve apresentar-se nas eleições com basicamente os mesmos integrantes do gabinete de antigo primeiro-ministro que perdeu para Tony Blair, a saber, John Major. Impensável. Mas no Brasil parece natural. Tão natural quanto o poder que passa de avô para neto.
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PSDB na propinagem da Petrobras

 O PSDB no esquema de propinas da Petrobras

Escândalo na Petrobras atinge o PSDB após ex-diretor citar Sérgio Guerra, morto neste ano

O tucano Sérgio Guerra, que integrava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado em 2009,  teria procurado Paulo Roberto Costa para cobrar 10 milhões de reais para ajudar a encerrar a investigação contra a estatal. 



A campanha eleitoral brasileira começa a chocar os brasileiros pelo grau de beligerância dos discursos dos dois candidatos, que contagiou seus eleitores. Mais do que isso, pela chuva de denúncias que têm sido despejadas nesta reta final, quando faltam apenas nove dias para se conhecer quem será o novo presidente da República pelos próximos quatro anos. Sobraram acusações até para os mortos. Nesta quinta-feira, pouco antes do início do segundo debate na TV deste segundo turno, veio à tona mais um fragmento do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre a corrupção na estatal, que atingiu agora o PSDB.
Segundo relato de Costa, publicado primeiramente pela Folha de S.Paulo, o ex-presidente da legenda tucana, o então senador Sérgio Guerra, que integrava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado em 2009, o teria procurado para cobrar 10 milhões de reais para ajudar a encerrar a investigação contra a estatal. A CPI investigava irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Guerra teria recebido os recursos em 2010, cobrados de uma empreiteira, para abastecer as campanhas do tucanato, segundo o delator, quando o senador tucano fazia as vezes de coordenador da campanha de José Serra, que perdeu a disputa presidencial daquele ano para Dilma Rousseff. Sérgio Guerra faleceu em março deste ano, vítima de um câncer de pulmão.
Durante o debate desta quinta-feira, Dilma aproveitou a deixa para usar o assunto. “Quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI, o que importa, candidato? Importa investigar", disse a petista, tentando enaltecer o fato de que o assunto, no seu Governo, é investigado com rigor. Aécio Neves respondeu que havia uma diferença entre ele e a presidenta. “Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo", retrucou Aécio.

Outros personagens que já faleceram também têm seus nomes repetidos à exaustão na guerra de informações. José Janene, ex-líder do PP, por exemplo, que morreu em 2010, é citado textualmente por Costa como sendo ele a pessoa que o indicou para a diretoria da Petrobras em 2004, quando, segundo ele, começaram as cobranças de propinas de fornecedores para favorecer tanto o PP como o PT, e o PMDB. Uma das disputas entre tucanos e petistas é sobre o apadrinhamento do agora 'homem-bomba' da Petrobras, pois ele fez carreira na estatal por mais de 30 anos, tendo ascendido na empresa também durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso. Costa, entretanto, disse em depoimento que o esquema de propinas teria começado em 2004 quando foi promovido a diretor de Abastecimento.
A delação premiada de Costa está sendo conduzida pela Justiça Federal no Estado do Paraná, foco da investigação Lava Jato, que tenta descobrir os desvios de dinheiro da Petrobras. Desde agosto ele vem prestando esclarecimentos sobre os esquemas. Em setembro, reportagens de revista Veja, e dos jornais o Estadão e da Folha de S.Paulo relataram que o ex-diretor teria citado nomes de senadores, deputados e governadores em seus primeiros depoimentos aos procuradores. Um desses seria Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto no dia 13 de agosto. Neste caso, entretanto, não se sabe de que forma Campos foi citado, pois essas gravações prévias não são conhecidas. Os relatos ainda vão abastecer a imprensa por bastante tempo até que se tenha a dimensão clara dos tentáculos da corrupção na Petrobras. Até lá, as suspeitas continuarão pairando sobre uma grande corte de políticos brasileiros, inclusive entre alguns que hoje não têm como se defender.

Obtido de: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/17/politica/1413557947_386210.html 

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Aécio perde a batalha da verdade - Por Ricardo Melo

Aécio perde batalha da verdade





A frase atribuída ao nazista Joseph Goebbels —uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade— tem sido a resposta preferida do candidato Aécio Neves e sua equipe diante de críticas. O problema é quando a verdade, repetida mil vezes, continua sendo verdade, sem contraponto ou contraditório capaz de desmenti-la.
O candidato tucano construiu uma pista de pouso em propriedade familiar. A chave da mordomia ficava na mão de parentes, os quais, aliás, ele empregou aos montes. Tudo documentado. Nenhum estudo, mesmo fabricado às pressas, provou a necessidade da obra. Isso não é uma questão íntima. É dinheiro público queimado para fins pessoais. Existe uma ação em curso, por improbidade administrativa. É um fato, não depoimento selecionado de delação desesperada, desculpe, premiada.
O governo de Minas destinou uma gorda fatia de publicidade para empresas de telecomunicações dos Neves. Nem o candidato nega. É deselegante perguntar como o rapaz lida quando se encontram o público e o privado? Cabe aos brasileiros descobrir o montante, pois envolve gente disputando a Presidência. "Não registramos quanto foi gasto", respondem o tucano e seu staff.
Documentos do Tribunal de Contas de Minas Gerais apontavam suspeitas de irregularidades no governo do atual senador. A capivara foi citada durante um dos debates. Horas depois, a papelada desapareceu do site oficial do tribunal, uma instância pública (!). Tomou Doril. Sumiu. E nada se faz a respeito.
O drible no bafômetro e outros momentos pouco edificantes da rotina noturna do senador estão fartamente documentados na internet e imprensa escrita. Não são montagem, assim como não é falso o stand-up daquele artista de fim de noite que relacionou Maradona e Aécio quanto ao consumo de drogas. Hoje o mesmo personagem posa de aecista desde criancinha. Mas nunca desmentiu a performance.
Balela a história de que trazer a público tudo isso é baixaria etc, etc. Isso é falta de argumento de quem não tem resposta.
Pense bem: quantas vezes já não deparamos com indivíduos brilhantes (o que não é propriamente o caso...), mas com uma trajetória errática, que seríamos incapazes de indicar para uma função, mesmo menor, numa empresa? Não há nisso preconceito nenhum; somente o desejo de saber qual é a pessoa certa para o lugar certo.
"Ah, mas e os programas, as propostas?", indagam os puritanos habituais. Bem, todos conhecem o que pensam tanto Dilma quanto Aécio e seu braço direito, Armínio Fraga.
A primeira pelo que ela e seu partido fizeram nos últimos tempos no Planalto. Aécio, pelo que ele e sua equipe revelam em entrevistas e jantares. Coisas como corte de gastos sociais, esvaziamento de bancos públicos, encolhimento de salários, facão nas empresas, tarifaço, mudança nas leis trabalhistas e por aí vai. As tais medidas impopulares. Para ele, sem isto o Brasil vai piorar. Acredite quem quiser.
Com a campanha perto do fim, supostas regras de etiqueta surgem para esconder o essencial. Cortina de fumaça. Estão em jogo a vida e o futuro de milhões de pessoas. Elas têm todo o direito de conhecer quem pretende ocupar o cargo mais alto da República.
Pesquisas são só pesquisas. A depender delas, o PT não teria ganho no primeiro turno na Bahia e em Minas Gerais, Aécio não teria os votos obtidos em São Paulo, e o PMDB estaria fora do segundo turno no Rio Grande do Sul.
A questão não é satanizar institutos. É dar aos seus levantamentos o peso que merecem. Mais do que nunca, o primeiro turno mostrou que a palavra final é do eleitor, não de pesquisados. Da mesma forma que é patética a tática de carimbar como mentiras verdades inapagáveis, registradas em vídeo, áudio e folhas de papel.












sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quando Chico Buarque apoiava Fernando Henrique Cardoso

Vídeo: o samba 'Vai Passar' na campanha de Fernando Henrique Cardoso à Prefeitura de São Paulo:

http://youtu.be/p5nVSmuB75I


Uma inestimável lembrança de um tempo em que Chico Buarque e Lula apoiavam a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à prefeitura de São Paulo. Não levou quando se enrolou todo ao tentar responder à pergunta de Boris Casoy: "Você acredita em Deus?", e porque veladamente assumiu que fumou maconha na juventude. Coisas de uma democracia ingênua, saída do berço. Nessa época, Fernando Henrique flertava com um socialismo moreno, mais próximo dos países nórdicos ou o francês - o que lhe angariava simpatias de eternos socialistas como os citados acima e que foi responsável pela cisão com o PMDB ao formar, então, o Partido da Social Democracia Brasileira. E, tal como acontece frequentemente na democracia brasileira, Fernando Henrique se viu presidente e, no decorrer do sua gestão no Poder Executivo, fez mudanças importantes no País, na sua alma e na sua consciência. Assistiu a seu partido perder o sentido histórico da palavra SOCIAl na sua sigla ao se unir à direita mais retrógada desse País - a Arena - partido criado pela ditadura militar e que, depois de muitas outras siglas, hoje é o DEM. Pela governabilidade, fez alianças com políticos corruptos e oportunistas como Maluf e José Sarney. Como qualquer outro chefe de Executivo, assistiu conivente à formação da caixa-dois de campanha pelos componentes de seu partido e de partidos aliados, na provável e sincera crença de ser a única forma possível de se manter no poder 'por 50 anos', como declarava seu homem forte - Sérgio Motta. Amargou a denúncia de participação de Sérgio Motta no mensalão para sua reeleição, conforme gravações obtidas pela Folha de São Paulo. Também viu amigos próximos envolvidos nos escândalos do Banestado - uma forma de envio de caixa-dois ao exterior, assim como licitações e privatizações fraudulentas como a do Grupo Telebrás com o Banco Opportunity, cujo principal envolvido era o tesoureiro do seu partido. Um grande êxito pessoal foi escapar ileso de todas as denúncias. O seu maior legado à sociedade brasileira foi o Plano Real iniciado no governo de Itamar Franco e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sem a inflação para financiar as contas do governo e sem uma reforma fiscal que reduzisse os seus gastos, promoveu um enorme aumento de impostos. Ao fim de sua gestão, deixou para o governo seguinte uma taxa de juros a 23%, o dólar a quase R$3,00 e a aprovação de seu governo a 22%. Deixou ainda um projeto de lei de reforma das aposentadorias públicas, aprovada na gestão de seu sucessor. Deve estar ainda atônito sobre o efeito do filme 'O Lobo de Wall Street' às suas crenças neoliberais, assim como a estatização da General Motors pelo governo americano para que ela não fosse à falência. Deve estar tardiamente amargurado com o Nobel de Economia de 2014 a um defensor das intervenções do Estado na Economia, baseado na Teoria dos Jogos e ao ainda insistente apoio de Chico Buarque ao partido opositor. As imprecisões históricas ficam por conta das fontes sugeridas pelo google. As suposições são assumidas pelo autor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Álvaro Dias, o bandido travestido de senador

A página de Álvaro Dias, no face, postou o ordinário panfleto acima. É ordinário, porque nos trata como trouxas e desinformados. É a má intenção em pessoa. Os valores não conferem. Os valores foram muito maiores, US$800 milhões, na forma de financiamento pelo BNDES, o que é pouco se se comparar aos investimentos em portos no Brasil: US$12 bilhões em 2014 e US$31 bilhões até 2017. O financiamento exigia a compra de equipamentos fabricados no Brasil, o que levou à criação de 20 mil novos empregos. E, claro, nunca mencionaria a importância estratégica do investimento, como menciona o editorial do 'O Globo'.  Os números do investimento em portos no Brasil estão em reportagem do Estadão. Esse Álvaro Dias não passa de um bandido travestido em terno e gravata, tratando-nos como imbecis e desinformados.



Editorial do 'O Globo'.

Investimento no Porto Mariel faz sentido

Há vantagens para empresas brasileiras na execução do projeto e oportunidades estratégicas. Mas isso não elimina a necessidade de transparência no apoio a Cuba

por


Investimento em portos somará R$ 54,2 bilhões até 2017

Renata Veríssimo, Anne Warth e Eduardo Rodrigues, da Agência Estado
06 Dezembro 2012 | 12h 09

Aportes serão aplicados em arrendamentos e terminais de uso privativo, sendo R$ 31 bilhões em 2014 e 2015 e R$ 23,2 bilhões em 2016 e 2017 

Texto atualizado às 12h55
BRASÍLIA - O governo anunciou nesta quinta-feira investimentos de R$ 54,2 bilhões até 2017 para o setor portuário. Segundo documento distribuído pela Secretaria Especial de Portos, os novos investimentos serão aplicados em arrendamentos e terminais de uso privativo (TUP), sendo R$ 31 bilhões em 2014 e 2015 e R$ 23,2 bilhões em 2016 e 2017.

O objetivo, segundo o ministro-chefe da Secretaria de Portos (SEP), Leônidas Cristino, é aumentar a competitividade da economia, eliminar barreiras à entrada no setor e estimular o investimento no setor privado.
"Precisamos modernizar a infraestrutura e gestão portuária para aumentar a movimentação e diminuir o custo do setor portuário brasileiro", afirmou, durante anúncio de medidas para o setor portuário no Palácio do Planalto.
Os portos beneficiados são Espírito Santo, Rio de Janeiro, Itaguaí, Santos, Cabedelo, Itaqui, Pecém, Suape, Aratu e Porto Sul/Ilhéus. Também estão incluídos Porto Velho, Santana, Manaus/Itacoatiara, Santarém, Vila do Conde e Belém/Miramar/Outeiro, Porto Alegre Paranaguá/Antonina, São Francisco do Sul, Itajaí/Imbituba e Rio Grande.
Outros R$ 2,6 bilhões serão investidos em acessos hidroviários, ferroviários e rodoviários e em pátios de regularização de tráfego nos 18 principais portos públicos brasileiros. O Ministério dos Transportes entrará com R$ 1 bilhão e o restante será executado por Estados e iniciativa privada.
Secretaria de Portos
Cristino disse que o governo fará uma reorganização institucional, com aprimoramento do marco regulatório e eliminação de dificuldades para entrada e competição do setor. "Para isso, precisamos de investimento, novas concessões, todos os arrendamentos que estamos prevendo e investir recursos para melhorar acessos aquaviários e terrestres."
Segundo o ministro-chefe, todo o planejamento do setor portuário passará a ser centralizado na Secretaria de Portos. "Antes, todo porto fazia seu planejamento sem olhar o Brasil como um todo, com recursos dispersos. Assim, o aumento da competitividade e cargas ficava ao largo. Por isso, centralizamos."
Para promover o planejamento logístico integrado, o governo vai unir ações do plano de rodovias e ferrovias e do plano para portos, integrando a área de transportes à área portuária para otimizar o uso de recursos. "Também vamos introduzir plano nacional de dragagem", afirmou.
Região Sudeste concentra investimentos
Segundo Cristino, a região Sudeste é a que mais receberá investimentos. A distribuição, segundo ele, ficou assim: Norte receberá R$ 4,37 bilhões em investimentos em 2014 e 2015 e R$ 1,59 bilhão nos dois anos seguintes. Nordeste ficará com R$ 6,775 bilhões em 2014 e 2015 e com R$ 5,159 bilhões em 2016 e 2017.
Já o Sudeste receberá R$ 16,509 bilhões nos dois primeiros anos e R$ 12,146 bilhões em 2016 e 2017. E por fim, a região Sul receberá investimentos de R$ 3,363 bilhões em 2014 e 2015 e de R$ 4,250 bilhões nos dois anos posteriores.
O ministro anunciou que as linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a realização destes investimentos terão correção pela TJPL mais 2,5% ao ano. O prazo de carência será de até três anos, com amortização em 20 anos e alavancagem de até 65%.

Leia em:

http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,investimento-em-portos-somara-r-54-2-bilhoes-ate-2017,137198e

terça-feira, 14 de outubro de 2014

As denúncias contra Chalita nunca foram provadas mas destruíram sua carreira política.

Como destruir uma carreira política

As denúncias e o caso Gabriel Chalita

As acusações feitas ao ex-deputado e ex-secretário da Educação de Alckmin foram arquivadas, sem prova. Mas sua carreira política foi liquidada 
 
 
por Luis Nassif publicado 14/10/2014 



Em todo modelo democrático, há a influência de grupos econômicos na política. Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, cada partido político monta alianças com grandes grupos que irão financiar suas campanhas e ter direito ao butim.
São partes interessadas todos os grupos que dependem de demandas do Estado de empreiteiras a grupos de mídia -, que dependem da regulação pública – empresas de telecomunicações -, no caso dos EUA empresas ligadas ao complexo industrial-militar.
A diferença do Brasil é o grau de promiscuidade da política com os negócios, que chegou a tal ponto que criou uma cadeia improdutiva da corrupção, na qual todos se beneficiam.
O partido que está no poder seja o federal ou nos estados beneficia-se e aos seus, enquanto situação. Do outro lado, o principal partido de oposição se beneficia do discurso da denúncia especialmente se não tem bandeiras para colocar no lugar.
Ponto central nesses jogos sao os grupos de mídia. Sao eles que dão repercussão a denúncias. Quando isentos, sao grandes fiscais da cidadania. Quando parciais, tornam-se cúmplices de jogadas do pior nível.
***
O jogo é simples. Aparece uma testemunha qualquer, com idoneidade ou não, e faz uma acusação verbal contra o alvo a ser destruído. Pouco importa se a acusação tem fundamento ou não. Aceitam-se até acusações em off, sem a menor garantia de que exista ou nao um acusador.
O passo seguinte é conseguir um procurador que transforme a manchete em inquérito. Depois, há a investigação de praxe, que fornecerá mais materiasl para denúncias, em um processo de retroalimentaçao.
No final, pouco importa se nada foi apurado, se a pessoa era inocente, se as denúncias eram falsas. O estardalhaço foi suficiente para liquidar com sua vida ou carreira política. E nada ocorrerá com os que participaram da trama - de procuradores e veículos de mídias.
***
Um exemplo notório desse jogo é o que ocorreu com o ex-deputado Gabriel Chalita.
Secretário da Educação de Geraldo Alckmin, acumulou um bom cacife eleitoral.
José Serra cercou seu espaço no PSDB e Chalita se viu obrigado a mudar de partido. Foi para o PMDB, candidatou-se a prefeito de São Paulo e obteve 13% dos votos. Seria um candidato competitivo ao governo do estado de São Paulo.
***
De repente, aparece um ex-assessor com uma denúncia amplamente repercutida pela revista Veja que sempre atuou como uma espécie de braço armado de Serra.
Na sequencia, o então Procurador Geral da República Roberto Gurgel enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de abertura de inquérito contra ele. Em São Paulo, foram abertos 11 inquéritos pelo Ministério Público Estadual.
Os jornais de São Paulo foram inundados de declarações dos promotores estaduais, divulgando documentos, fotos, e-mails do ex-assessor, mesmo antes de apurar sua consistência e veracidade.
***
A maior parte das denúncias foi arquivada, por falta de provas. Restaram alguns episódios menores, de âmbito administrativo.Mas a carreira política de Chalita estava liquidada; sua vida pessoal, devassada. O que aconteceu com os veículos que divulgaram as falsas denúncias?
Nada. No precário modelo jurídico brasileiro, eles têm liberdade para matar.

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 E como se plantam notícias para destruir uma carreira? Veja o exemplo a seguir:

Obtido de:
Blog do Reinaldo Azevedo a serviço de Veja


08/05/2011
às 6:55

Chalita, o “bonito”, revela por que sua produção já supera Machado e Graciliano somados. Ou: Um católico tem a obrigação de dizer a verdade. Ou: ele junta Castro Alves com os albinos da Tanzânia!!!

 

O deputado federal Gabriel Chalita (PSB por enquanto) é mesmo um homem surpreendente. Ele andou meio bravo comigo porque cotejei uma entrevista sua com uma palestra. Trata-se do post A incrível história de Gabriel Chalita, um rico menino pobre, e sua velhinha desalmada. Em uma, seus pais eram amantes do saber; em outra, o infante oprimido era esmagado por uma família infensa a seus dotes intelectuais. Também me espantei um tanto com uma senhora de um asilo, uma professora, que fazia o garoto Gabriel, aos oito anos, ainda um anjo, ler Sartre… Se a minha memória não falha, quando ele devolvia o livro à mestra, dizia: “Não entendi nada, mas adorei!” Sartre aos oito anos é um caso explícito de molestamento filosófico.
“Não entender, mas adorar” é coisa de quem aprende com o coração, entenderam?
No texto de que ele não gostou, também confronto duas informações: uma dá conta de que um apartamento espetacular em que ele mora, aqui pertinho, avaliado em R$ 8 milhões, foi comprado com parte de uma herança familiar; outra nos diz que ele era pobre de marré, marré, marré.
Não entendi nada, mas adorei.
Chalita está na Folha de hoje, numa entrevista a Morris Kachani. Aos 42 anos, já escreveu 7.835 livros — 54 para ser mais preciso. Diz estar com “tesão” para ser prefeito de São Paulo. Eu poderia escrever que os paulistanos aguardam apreensivos. Mas diriam que estou sacaneando o deputado neo-socialista, que está de mudança para o velho PMDB.
Indagado se faz literatura de auto-ajuda, respondeu:
“Não sou um autor de auto-ajuda. Isso é herança de quando o Serra brigou comigo. Tentou me desconstruir intelectualmente. De repente, acionou todos os seus amigos e blogueiros. Eu era o geniozinho e virei o escritor de auto-ajuda. Mas tudo que escrevo tem um enfoque filosófico.”
Nunca conheci ninguém menos ignorante do que o próprio Chalita que o considerasse um “geniozinho” — eventualmente aquela velhinha que o levava a ler Sartre aos oito anos… Na entrevista, ele explica o seu método de criação. E a gente entende as duas coisas: por que alguns o consideram gênio e por que, de fato, ele é um autor de auto-ajuda.
Eu sei que ele me inclui entre os “blogueiros” do Serra. Como não conheço os outros, devo ser o único. Quando o ex-governador está entediado, me liga:
— Dá aí uma cacetada na obra filosófica do Chalita.
Obediente, vou lá e executo a tarefa. Afinal, se não sou eu a falar mal da obra deste gigante da filosofia, quem o fará? Não há livro seu que não deixe a crítica de queixo caído. O silêncio que se ouve não é desprezo, mas estupefação diante do Maravilhoso. Ele há de entender a surda reverência diante da Epifania!
Na entrevista, a gente entende por que Chalita já escreveu 7.836 livros (eram 7.835 quando comecei o post). Esta pergunta e esta resposta revelam seu método de criação:
Folha – Só no ano de 2010 foram oito livros. Como consegue ser tão prolixo? Trabalha com “ghost writer”?
Chalita –
É que deve ter muito livro infantil aí. O livro que fiz com o Mauricio de Sousa, por exemplo, escrevi no avião em uma viagem de São Paulo a Natal. O “Pedagogia do Amor”, escrevi em 15 dias. “A Ética do Menino” foi no Réveillon. Estava na casa de Ângela Gutierrez em Salvador. A Milu Vilella sentou ao meu lado e disse: “Deixe-me ver como você escreve”.
É um potentado! Se Chalita fosse um ginasta, Milu pediria: “Chalita, dê uma pirueta!” E ele daria pirueta. “Agora uma estrela!” Pimba! Lá estaria o Chalitinha encantando as senhoras com sua agilidade. Como é escritor, alguém se acerca e pede: “Deixe-me ver como você escreve”. E lá vai ele, segundo entendi, com uma variante da escrita automática, lançando no papel tudo o que lhe vem à mente, segundo o método da livre associação. É verdadeiramente mágico! Não fossem o Serra e seus blogueiros, seria uma unanimidade!
Chalita prepara seu 7.838º livro (o 7.837º veio à luz enquanto eu redigia o parágrafo anterior). Mais uma contribuição seminal ao pensamento, sobretudo porque ele revela que escreve sem fazer pesquisa, o que alguns já haviam percebido sem que houvesse a confissão. Leiam:
Folha – O que você está escrevendo agora, a propósito?
Chalita -
Estou com um projeto sobre correspondências imaginárias entre Sócrates e Thomas More. Em dez dias nos EUA, quase acabei.
Folha – Você escreveu de cabeça, sem pesquisa?
Chalita -
De cabeça, porque na verdade meu Sócrates é um camponês, e meu More é professor. Então, eu pego conceitos filosóficos, mas são diálogos. Adoro escrever cartas. Ficção com base epistolar é muito bonita.
Compreendo. Quem conhece Sócrates não perde tempo com ele, e quem não conhece o toma por Platão. Em outra resposta, ele deixa ainda mais claro o momento em que Pégaso escoiceia a Fonte de Hipocrene:
Folha – Como funciona seu processo de criação?
Chalita -
Faço associações. Por exemplo, os rituais macabros com albinos na Tanzânia que menciono em um livro. Fiquei sabendo disso no Congresso. E eu adoro o “Navio Negreiro”, daí eu pego a coisa da Tanzânia, e penso no pássaro que o Castro Alves imaginava sobre aquela nau, vendo aquele sofrimento. Então, eu vou buscar o Castro Alves e coloco lá.
Compreendo… “A coisa da Tanzânia”, misturada a Castro Alves, resultou em mais uma obra de puro chalitismo. Considerando que boa parte de seus leitores não conhece o poema, parece que se revela um segredo: é a chamada inspiração “chupa-cabra”.
Já estou antevendo. Os “fãs” de Chalita, não sei se de modo espontâneo ou estimulado, entrarão nos comentários para dizer que estou com dor-de-cotovelo: “Você, que só escreveu três livros, está com inveja do Chalita, que está escrevendo o 7.939º…” Epa! Ela já publicou mais do que Machado de Assis e Graciliano Ramos somados. É razoável! Aqueles dois não tinham tanto assim a dizer. Não eram dotados dessa mente fervilhante.
O católico
Chalita se coloca como “o” católico da política. Isso o obrigaria a não mentir, a não levantar falso testemunho, nem para prejudicar seus adversários nem para proteger seus aliados. Leiam o que segue:
Folha – Que pensa do aborto?
Chalita -
Sou contra o aborto. Sou um defensor ardoroso do direito à vida. Há bens inalienáveis, como a vida.
Folha – Acha que Dilma e Serra também são contra ou foi apenas um jogo de cena?
Chalita -
Não sei. Nas conversas com a Dilma, ela dizia que os ricos fazem e os pobres não, daí a injustiça. O Serra acho que era mais favorável.
Se Dilma disse mesmo aquilo a Chalita, falou uma grande besteira. Mas pode ser apenas a aplicação prática de seu método criativo à política. Pobres e ricos fazem aborto no Brasil – os pobres mais do que os ricos numérica e percentualmente porque têm menos acesso à informação, ao planejamento familiar e a métodos contraceptivos. Mas essa desigualdade não torna o aborto justo ou injusto. Se Dilma disse mesmo essa tolice a Chalita, não posso asseverar. Em nome da verdade, o soi-disant “católico” Chalita deveria lembrar que a agora presidente fez a defesa explícita do aborto, mais de uma vez, como um “direito” da mulher — e, pois, segundo as palavras do próprio, isso não a caracteriza como uma “defensora ardorosa” da vida.
Chalita tem com a verdade o mesmo rigor evidenciado na sua produção sobre Sócrates: “O Serra acho que era mais favorável [ao aborto]“. Não há uma só declaração do ex-governador — à diferença de Dilma — em defesa da legalização do aborto ou de sua prática. O bom “católico” Chalita está apenas fazendo política mesquinha. Ele tem o direito de se opor a quem quiser, mas, para um pensador da ética, sua prática é lastimável.
Deixo claro que não o considero um escritor de auto-ajuda no sentido tradicional da expressão. Eu realmente não creio que alguém ganhe alguma coisa ao ler um livro seu. Folheei um único num consultório médico, perdido em meio a revistas “Caras” e “Quem”… Era aquele sobre a ética do menino ou algo assim… Tive um ataque de riso logo na segunda página. Os demais pacientes devem ter achado que eu tinha errado de especialista. Chalita é “auto-ajuda”, sim: sabe ajudar-se como poucos!… Ninguém pode condená-lo por isso se há quem o leia. Ele tem de se conformar: não é um gênio; trata-se apenas de um rapaz muito esperto.
Na abertura da entrevista, informa a Folha:
” (…) enquanto posava para as fotos, [Chalita] afirmou: “Esses árabes bonitos são fáceis de fotografar”.
Ok. Sua pretensão de ser bonito chega a ser mais justa do que a de ser inteligente.
Texto publicado originalmente às 18h07 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo

 


quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Polícia Federal intima Serra a depor sobre cartel dos trens em SP

Polícia Federal intima Serra a depor sobre cartel de trens em São Paulo

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O encontro de dois escândalos - a cocaína do helicóptero e o aeroporto do Aécio

O encontro de dois escândalos

O primo do Aécio Neves, o que detem as chaves do Aeroporto construído em suas terras pelo Aécio quando era governador, responde a processo de venda de habeas corpus a traficantes de drogas.

 
POR LEONARDO DUPIN*
Uma distância de apenas 14 quilômetros separa os dois escândalos recentes da política nacional que envolvem dois senadores por Minas Gerais, o ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela (PDT) e o candidato a presidente Aécio Neves (PSDB).
A pista de pouso e decolagem construída durante o governo de Aécio Neves em Cláudio, no Centro-Oeste mineiro, em um terreno que pertenceu a fazenda do tio avô do candidato tucano fica distante 14 quilômetros de Sabarazinho, um povoado de Itapecerica, também no Centro-Oeste Mineiro, onde o helicóptero da empresa Limeira Agropecuária, da família do senador Zezé Perrela, fez uma parada para reabastecimento carregado com 445kg de pasta base de cocaína, em novembro do ano passado.
A parada em um ponto de Sabarazinho aconteceu três horas e meia antes da apreensão da aeronave por policiais militares e federais em um sítio em Afonso Cláudio, no Espírito Santo. O valor da carga é estimada em R$ 10 milhões, podendo multiplicar por dez com o refino. Segundo o inquérito da PF, o carregamento foi feito em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e tinha como possível destino Amsterdam, na Holanda, o que configura tráfico internacional.
No dia 20 do mês passado, reportagem do jornalista Lucas Ferraz, da “Folha de S.Paulo”, revelou que Aécio Neves construiu a pista na fazenda que pertenceu a seu tio-avô, além de ficar próxima a uma propriedade da família do candidato.
Na última semana, Aécio Neves admitiu que já usou a pista, mesmo o espaço ainda não tendo sido homologado pela Agência Nacional de Aviação Civil.
O investimento do governo mineiro para a construção da pista foi de R$ 14 milhões. Cláudio tem 25 mil habitantes e está distante 50 quilômetros de Divinópolis, onde já existia uma pista de pouso e decolagem.
O cruzamento dos dois escândalos – do helicóptero e da pista – é comprovado pelos documentos considerados sigilosos do inquérito da Polícia Federal (PF), que este repórter teve acesso.
A PF constatou, com base no rastreamento do GPS do helicóptero e nas anotações do plano de vôo dos pilotos, ambos apreendidos e examinados pela perícia técnica, que o helicóptero carregado com quase meia tonelada de pasta base de cocaína parou em um ponto próximo ao povoado de Sabarazinho.
Segundo o inquérito da PF, no dia 24 de novembro de 2013, às 14h17, aproximadamente três horas e meia antes do helicóptero ser apreendido pela polícia no município de Afonso Cláudio, no Espírito Santo, a aeronave ficou parada por trinta minutos numa fazenda do povoado, onde duas pessoas aguardavam o pouso com galões de combustível.
A localidade fica a 14 quilômetros da pista de Cláudio e também das fazendas da família Tolentino, onde nasceu Risoleta Neves, esposa de Tancredo Neves e avó de Aécio Neves.
O município de Cláudio chega, inclusive, a ser citado no inquérito na análise das mensagens telefônicas dos pilotos, que foram captadas pelas Estações de Rádio Base (ERB), que são os equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica.
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Mapa mostra distância entre a pista de pouso e o local em que o helicóptero parou para reabastecimento
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Detalhe do inquérito da PF, com o local de parada do helicóptero em Sabarazinho


Suspeita que não foi desvendada
O helicóptero foi apreendido no dia 24 de novembro. Três dias depois, 27 de novembro, após a apreensão ganhar destaque na mídia, o proprietário da terra fez uma denúncia para a Polícia Militar de Divinópolis. Segundo a PM, tal denúncia foi feita de maneira “anônima”.O proprietário afirma que avistou um helicóptero sobrevoando a região em baixa altitude e depois encontrou em suas terras 13 galões, de 20 litros cada, com substância semelhante a querosene.
Como o Boletim foi realizado após a apreensão do helicóptero, o delegado da Polícia Federal em Divinópolis, Leonardo Baeta Damasceno, afirma no inquérito não descartar o envolvimento de pessoas da região e recomenda como imprescindível uma diligência sigilosa no local, para saber quem são o dono do terreno e as pessoas que tem livre acesso ao local.
Porém, ainda de acordo com o inquérito que esse repórter teve acesso, a diligência não foi realizada. Em outra página do inquérito, o proprietário é inocentado sem explicação convincente, dessa vez por documento assinado pelo agente da PF, Rafael Rodrigo Pacheco Salaroli, que afirma: “A total isenção da propriedade e de seu proprietário na empreitada criminosa, restando, portanto, a terceiros sem ligação com o local, a atuação delituosa de reabastecimento da aeronave”.

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Trecho do inquérito descartando a investigação no local do abastecimento em Sabarazinho

Parente é serpente
Tancredo Aladim Rocha Tolentino é primo de Aécio Neves e filho de Múcio Guimarães Tolentino, o tio-avô do candidato tucano que teve a terra desapropriada para a construção da pista em Cláudio. Quêdo, como é conhecido, é o responsável, segundo o jornal Folha de São Paulo, por controlar a chave do aeroporto público de Cláudio, que fica distante seis quilômetros da fazenda frequentada por Aécio Neves.
Em 2012, Quêdo tentou se candidatar a prefeito de Cláudio, mas foi impedido pela lei da Ficha Limpa devido a pendências judiciais. Meses antes, Quêdo foi preso na operação “Jus Postulandi”, da Polícia Federal, por participar de uma quadrilha especializada na venda de habeas corpus para traficantes de drogas.
Quêdo, segundo a denúncia, fazia a intermediação do negócio. Ele recebia a quantia, que variava entre R$ 120 mil e R$ 240 mil dos traficantes, ficava com uma parte do dinheiro e repassava o restante ao desembargador Hélcio Valentim, que determinava a expedição de alvará de soltura dos presos.

Ver reportagem do Fantástico, que não menciona o parentesco do Tolentino com Aécio, assim como a nomeação de Helcio Valentim por Aécio Neves, quando este era Governador:

http://vimeo.com/111230278

Em três casos descritos na denúncia realizada pelo subprocurador-geral da República Eitel Santiago, as liminares foram negociadas para favorecer presos por tráfico de drogas. Um dos beneficiários foi preso em flagrante, em julho de 2010, num sítio do distrito de Marilândia, também pertencente a Itapecerica, com cerca de 60 quilos de pasta-base de cocaína.
O processo será julgado no STJ e Quedo responderá por formação de quadrilha e três vezes por corrupção, duas delas “ativa qualificada”.

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Trechos da denúncia do procurador Etiel Santiago, que acusa o primo de Aécio Neves de participar de uma quadrilha de venda de habeas corpus para traficantes de drogas


* Leonardo Dupin é jornalista e doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.

Obtido de: http://blogdojuca.uol.com.br/2014/08/o-encontro-de-dois-escandalos/

Todos os direitos reservados ao jornalista Leonardo Dupin e à UOL. Este post tem finalidade educativa a comunidades carentes que teem acesso limitado à internet e à mídia. Se não for o seu caso, por favor, prefira acessar o link acima.

domingo, 17 de agosto de 2014

Os tucanos em SP: Trens e Metrô superfaturados em 30%

Publicado na revista Isto é

Os tucanos em SP: Trens e Metrô superfaturados em 30% 

 

Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões

Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas

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PROPINODUTO
Segundo integrantes do MP e do Cade, seis projetos de
trem e metrô investigados apresentaram sobrepreço de 30%
Na última semana, ISTOÉ publicou documentos inéditos e trouxe à tona o depoimento voluntário de um ex-funcionário da multinacional alemã Siemens ao Ministério Público. Segundo as revelações, o esquema montado por empresas da área de transporte sobre trilhos em São Paulo para vencer e lucrar com licitações públicas durante os sucessivos governos do PSDB nos últimos 20 anos contou com a participação de autoridades e servidores públicos e abasteceu um propinoduto milionário que desviou dinheiro das obras para políticos tucanos. Toda a documentação, inclusive um relatório do que foi revelado pelo ex-funcionário da empresa alemã, está em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para quem a Siemens – ré confessa por formação de cartel – vem denunciando desde maio de 2012 as falcatruas no Metrô e nos trens paulistas, em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos. Até semana passada, porém, não se sabia quão rentável era este cartel.
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Ao se aprofundarem, nos últimos dias, na análise da papelada e depoimentos colhidos até agora, integrantes do Cade e do Ministério Público se surpreenderam com a quantidade de irregularidades encontradas nos acordos firmados entre os governos tucanos de São Paulo e as companhias encarregadas da manutenção e aquisição de trens e da construção de linhas do Metrô e de trens. Uma das autoridades envolvidas na investigação chegou a se referir ao esquema como uma fabulosa história de achaque aos cofres públicos, num enredo formado por pessoas-chaves da administração – entre eles diretores do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, com participação especial de políticos do PSDB, os principais beneficiários da tramoia. Durante a apuração, ficou evidente que o desenlace dessa trama é amargo para os contribuintes paulistas. A investigação revela que o cartel superfaturou cada obra em 30%. É o mesmo que dizer que os governantes tucanos jogaram nos trilhos R$ 3 de cada R$ 10 desembolsado com o dinheiro arrecadado dos impostos. Foram analisados 16 contratos correspondentes a seis projetos. De acordo com o MP e o Cade, os prejuízos aos cofres públicos somente nesses negócios chegaram a RS 425,1 milhões. Os valores, dizem fontes ligadas à investigação ouvidas por ISTOÉ, ainda devem se ampliar com o detalhamento de outros certames vencidos em São Paulo pelas empresas integrantes do cartel nesses e em outros projetos.
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Entre os contratos em que o Cade detectou flagrante sobrepreço está o de fornecimento e instalação de sistemas para transporte sobre trilhos da fase 1 da Linha 5 Lilás do metrô paulista. A licitação foi vencida pelo consórcio Sistrem, formado pela empresa francesa Alstom, pela alemã Siemens juntamente com a ADtranz (da canadense Bombardier) e a espanhola CAF. Os serviços foram orçados em R$ 615 milhões. De acordo com testemunhos oferecidos ao Cade e ao Ministério Público, esse contrato rendeu uma comissão de 7,5% a políticos do PSDB e dirigentes da estatal. Isso significa algo em torno de R$ 46 milhões só em propina. “A Alstom coordenou um grande acordo entre várias empresas, possibilitando dessa forma um superfaturamento do projeto”, revelou um funcionário da Siemens ao MP. Antes da licitação, a Alstom, a ADtranz, a CAF, a Siemens, a TTrans e a Mitsui definiram a estratégia para obter o maior lucro possível. As companhias que se associaram para a prática criminosa são as principais detentoras da tecnologia dos serviços contratados.
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O responsável por estabelecer o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados pelas empresas nesse contrato era o executivo Masao Suzuki, da Mitsui. Sua empresa, no entanto, não foi a principal beneficiária do certame. Quem ficou com a maior parte dos valores recebidos no contrato da fase 1 da Linha 5 Lilás do Metrô paulista foi a Alstom, que comandou a ação do cartel durante a licitação. Mas todas as participantes entraram no caixa da propina. Cada empresa tinha sua própria forma de pagar a comissão combinada com integrantes do PSDB paulista, segundo relato do delator e ex-funcionário da Siemens revelado por ISTOÉ em sua última edição. Nesse contrato específico, a multinacional francesa Alstom e a alemã Siemens recorreram à consultoria dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira. Documentos apresentados por ISTOÉ na semana passada mostraram que eles operam por meio de duas offshores localizadas no Uruguai, a Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Para não deixar rastro do suborno, ambos também se valem de contas em bancos na Suíça, de acordo a investigação.
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PEDIDO DE CPI
Líder do PT na Assembleia Legislativa,
Luiz Claudio Marcolino, trabalha pela abertura de inquérito
No contrato da Linha 2 do Metrô, o superfaturamento identificado até agora causou um prejuízo estimado em R$ 67,5 milhões ao erário paulista. As licitações investigadas foram vencidas pela dupla Alstom/Siemens e pelo consórcio Metrosist, do qual a Alstom também fez parte. O contrato executado previa a prestação de serviços de engenharia, o fornecimento, a montagem e a instalação de sistemas destinados à extensão oeste da Linha 2 Verde. Orçado inicialmente em R$ 81,7 milhões, só esse contrato recebeu 13 reajustes desde que foi assinado, em outubro de 1997. As multinacionais francesa e alemã ficaram responsáveis pelo projeto executivo para fornecimento e implantação de sistemas para o trecho Ana Rosa/ Ipiranga. A Asltom e a Siemens receberam pelo menos R$ 143,6 milhões para executar esse serviço.
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O sobrepreço de 30% foi estabelecido também em contratos celebrados entre as empresas pertencentes ao cartel e à estatal paulista CPTM. Entre eles, o firmado em 2002 para prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva de dez trens da série 3000. A Siemens ganhou o certame por um valor original de R$ 33,7 milhões. Em seguida, o conglomerado alemão subcontratou a MGE Transportes para serviços que nunca foram realizados. A MGE, na verdade, serviu de ponte para que a Siemens pudesse efetuar o pagamento da propina de 5% acertada com autoridades e dirigentes do Metrô e da CPTM. O dinheiro da comissão – cerca de R$ 1,7 milhão só nessa negociata, segundo os investigadores – mais uma vez tinha como destino final a alta cúpula da estatal e políticos ligados ao PSDB. A propina seria distribuída, segundo depoimento ao Cade ao qual ISTOÉ teve acesso, pelo diretor da CPTM, Luiz Lavorente. Além da MGE, a Siemens também recorreu à companhia japonesa Mitsui para intermediar pagamentos de propina em outras transações. O que mais uma vez demonstra o quão próxima eram as relações das empresas do cartel que, na teoria, deveriam concorrer entre si pelos milionários contratos públicos no setor de transportes sobre trilhos. O resultado da parceria criminosa entre as gigantes do setor pareceu claro em outros 12 contratos celebrados com a CPTM referentes às manutenções dos trens das séries 2000 e 2100 e o Projeto Boa Viagem, que já foram analisados pelo CADE. Neles, foi contabilizado um sobrepreço de aproximadamente R$ 163 milhões.
Não é por acaso que as autoridades responsáveis por investigar o caso referem-se ao esquema dos governos do PSDB em São Paulo como uma “fabulosa história”. O superfaturamento constatado nos contratos de serviços e oferta de produtos às estatais paulistanas Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos [CPTM] supera até mesmo os índices médios calculados internacionalmente durante a prática deste crime. Cálculos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, por exemplo, apontam que os cartéis ocasionam um prejuízo aos cofres públicos de 10% a 20%. No caso destes 16 contratos, a combinação de preços e direcionamentos realizados pelas companhias participantes da prática criminosa levaram a um surpreendente rombo de 30% aos cofres paulistas.

Diante das denúncias, na última semana o PT e outros partidos oposicionistas em São Paulo passaram a se movimentar para tentar aprovar a instalação de uma CPI. “O governador Geraldo Alckmin diz querer que as denúncias do Metrô e da CPTM sejam apuradas. Então, que oriente a sua bancada a protocolar o pedido de CPI, pelo menos, desta vez”, propôs o líder do PT na Assembleia paulista, Luiz Cláudio Marcolino. “É flagrante que os contratos precisam ser revisados. Temos de ter transparência com o dinheiro público independente de partido”, diz ele. Caso a bancada estadual do PT não consiga aprovar o pedido, por ter minoria, a sigla tentará abrir uma investigação na Câmara Federal. “Não podemos deixar um assunto desta gravidade sem esclarecimentos. Ainda mais quando se trato de acusações tão contundentes de desvios de verbas públicas”, afirmou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). O que se sabe até agora já é suficiente para ensejar um inquérito. Afinal, trata-se de um desvio milionário de uma das principais obras da cidade mais populosa do País e onde se concentra o maior orçamento nacional. Se investigada a fundo, a história do achaque de 30% aos cofres públicos pode trazer ainda mais revelações fabulosas.
Queima de arquivo
Uma pasta amarela com cerca de 200 páginas guardada na 1ª Vara Criminal do Fórum da cidade de Itu, interior paulista, expõe um lado ainda mais sombrio das investigações que apuram o desvio milionário das obras do metrô e trens metropolitanos durante governos do PSDB em São Paulo nos últimos 20 anos. Trata-se do processo judicial 9900.98.2012 que investiga um incêndio criminoso que consumiu durante cinco horas 15.339 caixas de documentos e 3.001 tubos de desenhos técnicos. A papelada fazia parte dos arquivos do metrô armazenados havia três décadas. Entre os papeis que viraram cinzas estão contratos assinados entre 1977 e 2011, laudos técnicos, processos de contratação, de incidentes, propostas, empenhos, além de relatórios de acompanhamento de contratos de 1968 até 2009. Sob segredo de Justiça, a investigação que poderá ser reaberta pelo Ministério Público, diante das novas revelações sobre o caso feitas por ISTOÉ, acrescenta novos ingredientes às já contundentes denúncias feitas ao Cade pelos empresários da Siemens a respeito do escândalo do metrô paulista. Afinal, a ação dos bandidos pode ter acobertado a distribuição de propina, superfaturamento das obras, serviços e a compra e manutenção de equipamentos para o metrô paulista.

Segundo o processo, na madrugada do dia 9 de julho do ano passado, nove homens encapuzados e armados invadiram o galpão da empresa PA Arquivos Ltda, na cidade de Itu, distante 110 km da capital paulista, renderam os dois vigias, roubaram 10 computadores usados, espalharam gasolina pelo prédio de 5 mil m² e atearam fogo. Não sobrou nada. Quatro meses depois de lavrado o boletim de ocorrência, nº 1435/2012, a polícia paulista concluiu que o incêndio não passou de um crime comum. “As investigações não deram em nada”, admite a delegada de Policia Civil Milena, que insistiu em se identificar apenas pelo primeiro nome. “Os homens estavam encapuzados e não foram identificados”, diz a policial. Investigado basicamente como sumiço de papéis velhos, o incêndio agora ganha ares de queima de arquivo. O incidente ocorreu 50 dias depois de entrar em vigor a Lei do Acesso à Informação, que obriga os órgãos públicos a fornecerem cópias a quem solicitar de qualquer documento que não seja coberto por sigilo legal, e quatro meses depois de começarem as negociações entre o Cade e a Siemens para a assinatura do acordo de leniência, que vem denunciando as falcatruas no metrô e trens paulistas. “Não podemos descartar que a intenção desse crime era esconder provas da corrupção”, entende o deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado.
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Além das circunstâncias mais do que suspeitas do incêndio, documentos oficiais do governo, elaborados pela gerência de Auditoria e Segurança da Informação (GAD), nº 360, em 19 de setembro passado, deixam claro que o galpão para onde foi levado todo o arquivo do metrô não tinha as mínimas condições para a guarda do material. Cravado em plena zona rural de Itu, entre uma criação de coelhos e um pasto com cocheiras de gado, o galpão onde estavam armazenados os documentos não tinha qualquer segurança. Poderia ser facilmente acessado pelas laterais e fundos da construção.

De acordo com os documentos aos quais ISTOÉ teve acesso, o governo estadual sabia exatamente da precariedade da construção quando transferiu os arquivos para o local. O relatório de auditoria afirma que em 20 de abril de 2012 - portanto, três dias depois da assinatura do contrato entre a PA Arquivos e o governo de Geraldo Alckmin - o galpão permanecia em obras e “a empresa não estava preparada para receber as caixas do Metrô”. A comunicação interna do governo diz mais. Segundo o laudo técnico do GAD, “a empresa não possuía instalações adequadas para garantir a preservação do acervo documental”. Não havia sequer a climatização do ambiente, item fundamental para serviços deste tipo.

O prédio foi incendiado poucos dias depois da migração do material para o espaço. “Não quero falar sobre esse crime”, disse um dos proprietários da empresa, na época do incêndio, Carlos Ulderico Botelho. “Briguei com o meu sócio, sai da sociedade e tomei muito prejuízo. Esse incêndio foi estranho. Por isso, prefiro ficar em silêncio”. Outra excentricidade do crime é que o fato só foi confirmado oficialmente pelo governo seis meses depois do ocorrido. Em 16 páginas do Diário do Diário Oficial, falou-se em “sumiço” da papelada. Logo depois da divulgação do sinistro, o deputado estadual do PT, Simão Pedro, hoje secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, representou contra o Governo do Estado no Ministério Público Estadual. “Acredita-se que os bandidos tenham provocado o incêndio devido o lugar abrigar vários documentos”. Para o parlamentar, “esse fato sairia da hipótese de crime de roubo com o agravante de causar incêndio, para outro crime, de deliberada destruição de documentos públicos”, disse Simão, em dezembro passado. Procurados por ISTOÉ, dirigentes do Metrô de SP não quiseram se posicionar.
Fotos: PEDRO DIAS/ag. istoé
Fotos: ADRIANA SPACA/BRAZIL PHOTO PRESS; Luiz Claudio Barbosa/Futura Press; NILTON FUKUDA/ESTADÃO
Foto: Rubens Chaves/Folhapress


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