terça-feira, 21 de outubro de 2014

Vladimir Safatle - A Educação de Aécio

21/10/2014

 "(...) se isso não basta, façam uma pesquisa e perguntem qual é a situação da Universidade Estadual de Minas Gerais, esta sim sob a responsabilidade direta do senhor Aécio e seu grupo."


Quem realmente se importa com a educação nacional não pode decidir seu voto sem antes refletir sobre alguns dados a respeito de nossas universidades.

Queiram seus protagonistas ou não, esta é uma eleição de retrovisor. Não só o governo apoia-se principalmente naquilo que já fez, usando o discurso da perda possível do que foi conquistado como motor de mobilização. A oposição também se apresenta com basicamente os mesmos personagens vindos do finado governo FHC.
Desde o responsável pelo programa econômico até a responsável pelo programa de educação, todos, a começar pelo próprio Aécio Neves, estiveram organicamente ligados aos oito anos de governo FHC. Não houve autocrítica alguma nem renovação ou reposicionamento a partir dos fracassos passados. Por isso, impossível não esperar a reedição do que o país já viu nos anos 90.
Vale a pena insistir neste ponto porque o legado educacional desses anos foi lamentável. Durante oito anos, o país não inaugurou nenhuma (há de se sublinhar, nenhuma) nova universidade federal. Ao contrário, quando o sr. Paulo Renato entregou seu cargo de Ministro da Educação, o país conhecera oito anos sem concursos públicos para professores universitários, deixando um déficit de 7.000 professores no sistema nacional.
Apenas a título de exemplo, a UFRJ, uma das mais importantes universidades do país, diminuiu (sim, diminuiu) em 10%, sendo obrigada, entre outras coisas, a fechar cursos noturnos por não ter dinheiro para pagar a conta de luz (não, isso não é uma metáfora). Bem, depois de 2002, 18 novas universidades federais foram inauguradas.
Como se não bastasse esse legado, seu partido, no governo do Estado de São Paulo há mais de duas décadas, é atualmente responsável direto pela situação falimentar das universidades paulistas. Afinal, é o governador do Estado que indica os reitores, muitas vezes contra as escolhas da maioria da comunidade acadêmica, como foi com o polêmico senhor João Grandino Rodas. Nestes anos de Tucanistão, o Estado paulista impôs um ritmo de crescimento às universidades desprovido de dotação orçamentária para tanto. O resultado é a crise que aí está.
Agora, se isso não basta, façam uma pesquisa e perguntem qual é a situação da Universidade Estadual de Minas Gerais, esta sim sob a responsabilidade direta do senhor Aécio e seu grupo. Suas condições deterioradas de trabalho, com seus professores "designados" e sua infraestrutura precária, são conhecidas no meio acadêmico e motivos de greves periódicas.
Com toda esta história e este presente, há de se perguntar: é essa "renovação" que o país precisa?

Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/vladimirsafatle/2014/10/1535578-a-educacao-de-aecio.shtml




Alckmin critica ONU por culpar governo do estado pela crise hídrica

Política

Água

Alckmin critica ONU por culpar governo do estado pela crise hídrica

O governador de São Paulo enviou um ofício ao secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, condenando os métodos utilizados pela relatora especial que culpou o governo pela crise do Sistema Cantareira 
 
 
 
Um ofício obtido pelo blog do jornalista Fernando Rodrigues mostra uma crítica do governador Geraldo Alckmin à relatora especial da ONU, Catarina de Albuquerque, por ter culpado o governo de São Paulo pela crise hídrica pela qual o estado vem passando. Na segunda-feira 20, o Sistema Cantareira atingiu sua menor média histórica com 3,5% de sua capacidade, já acrescido o montante do volume morto. Em carta enviada ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Alckmin exige que a relatora faça retratações a respeito do relatório e ameaça não comparecer à Cúpula Climática que ocorreu na sede da ONU em Nova York, no fim de setembro. O ofício foi enviado no dia 9 de setembro e traz duras críticas à relatora, que, segundo Alckmin, não mostrou interesse em mostrar que "desde o ano passado, a seca atingiu níveis graves e sem precedentes".
Em setembro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Catarina afirmou que "a seca pode ser importante, mas o racionamento de água precisa ser previsto, e os investimentos necessários precisam ser feitos". "A responsabilidade é do Estado, que precisa garantir investimentos em momentos de abundância", completou.
O governador de São Paulo, entretanto, acusa Catarina de não ter tido iniciativa de conhecer representantes da Sabesp e que o relatório elaborado está permeado de erros técnicos, como apontar a média de desperdício do estado (31,2%, como afirma Alckimin no ofício) como sendo a média de desperdício nacional (em torno de 40%).
O governador de São Paulo também critica a elaboração do relatório a poucos meses das eleições, onde Alckmin concorria à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes. "Gostaria, portanto, de propor que a ONU contribuísse para o entendimento completo da situação através da alteração da informação transmitida à população de São Paulo pela relatora especial. Se a correção não for feita, eu seria obrigado a acreditar que a relatora especial encarna integralmente a posição das Nações Unidas sobre o assunto, e, assim, eu estarei incerto da capacidade de a organização em sediar a Cúpula Climática e mostrar propriedade, criatividade e liderança em um assunto de importância vital e global", declara o governador sobre o evento que ocorreu em 23 de setembro, em Nova York.

Obtido de: http://www.cartacapital.com.br/politica/alckmin-critica-onu-por-culpar-o-estado-pela-crise-hidrica-6976.html
 

Vladimir Safatle - A indignação seletiva dos tucanos

Política

Análise / Vladimir Safatle

Indignação seletiva

O PSDB nunca fez a autocrítica de suas experiências de poder. Acusa os adversários de corrupção enquanto minimiza seus malfeitos. Por Vladimir Safatle 
 
Quem não está disposto a fazer a crítica radical da experiência tucana de governo não tem direito algum de criticar o lulismo e seus resultados. Nada mais farsesco na política brasileira do que encenar indignação contra casos graves de corrupção na Petrobras e adjacências sem nunca ter se indignado radicalmente contra a corrupção no Metrô paulistano, com os nepotismos do senhor Aécio Neves e sua irmã, que controlava a verba de comunicação de Minas Gerais, com os milhares de casos de corrupção no governo FHC ou com os 70 pedidos de CPIs arquivados na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Quem age desta forma, baseado em uma verdadeira indignação seletiva, age como quem acredita haver, na política brasileira, uma espécie de “direito de corrupção” entregue pela vontade divina a certos grupos de políticos nativos.
Ao ser questionado em debate sobre a corrupção de seu partido, o senhor Aécio Neves limitou-se a dizer: “Trata-se de coisas diferentes”. Isso quando não levantou o dedo contra acusações dessa natureza e classificou de “leviana” sua interlocutora. É verdade. Há uma diferença fundamental entre a corrupção tucana e a corrupção petista: graças às relações obscuras e pouco republicanas, certos setores da mídia esquecem delas mais rapidamente. Alguns veículos falam um pouco de tais casos, sem mostrar aquele espírito investigativo que muitos gostariam de ver. Outros nem sequer se veem na obrigação de citar. Como não lembrar da maneira com que revistas como a Veja trataram a informação, quando apareceu, de que o “mensalão” tinha nascido na campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998? Sequer deram uma notícia sobre uma situação que em qualquer lugar do mundo seria bombástica, o presidente do partido de oposição envolvido em um escândalo que tomou de assalto o governo. Há de se acreditar que tais veículos não teriam muito problema em implementar práticas dessa natureza em eventual governo tucano.
Dessa forma, o jogo de poder parece encontrar uma estabilidade ao gosto das polainas da República Velha. Por isso, não estaremos incorrendo em erro ao afirmar que os que se indignam com o petismo e demonstram complacência covarde com a experiência tucana de governo não se incomodam realmente com a corrupção. Pois quem não tolera o assalto ao bem comum vê todos os casos como igualmente insuportáveis, aplica uma postura jacobina na defesa do comum e pede punição exemplar a todos, sem exceção.
Da mesma forma, a indignação com a incompetência governamental não justifica forma alguma de voto no tucanato. Os mesmos que se revoltam contra o governo federal neste ponto votam sem culpa em outra administração, como a do senhor Geraldo Alckmin, que produziu, entre outras pérolas, uma inacreditável situação de falta de água no estado de São Paulo, misto de ausência de capacidade de planejamento, desmonte de empresas públicas e jogo de empurra para não decretar racionamento em época de eleição. A única razão para não se indignar com tamanha incompetência é acreditar ser natural viver no Tucanistão, com suas figuras de autoridade aclamadas em votação sem segundo turno.
Por isso, em caso de retorno do tucanato, o País abriria as portas a um partido que nunca fez autocrítica de suas experiências de poder e cujos eleitores acham normal que ele continue a não fazê-lo. Tal ausência de autocrítica é tamanha que uma legenda que promete “mudanças” não vê problema em apresentar à nação uma equipe de governo constituída basicamente por figuras que administraram o Brasil há mais de uma década. É como dizer ao povo que a perda do governo em 2002 foi apenas um erro de trajetória e que não há nada a rever a partir do alijamento do poder. Fato notável. Imaginem: estamos no Reino Unido e David Cameron, então líder da oposição no Partido Conservador, resolve apresentar-se nas eleições com basicamente os mesmos integrantes do gabinete de antigo primeiro-ministro que perdeu para Tony Blair, a saber, John Major. Impensável. Mas no Brasil parece natural. Tão natural quanto o poder que passa de avô para neto.
 

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PSDB na propinagem da Petrobras

 O PSDB no esquema de propinas da Petrobras

Escândalo na Petrobras atinge o PSDB após ex-diretor citar Sérgio Guerra, morto neste ano

O tucano Sérgio Guerra, que integrava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado em 2009,  teria procurado Paulo Roberto Costa para cobrar 10 milhões de reais para ajudar a encerrar a investigação contra a estatal. 



A campanha eleitoral brasileira começa a chocar os brasileiros pelo grau de beligerância dos discursos dos dois candidatos, que contagiou seus eleitores. Mais do que isso, pela chuva de denúncias que têm sido despejadas nesta reta final, quando faltam apenas nove dias para se conhecer quem será o novo presidente da República pelos próximos quatro anos. Sobraram acusações até para os mortos. Nesta quinta-feira, pouco antes do início do segundo debate na TV deste segundo turno, veio à tona mais um fragmento do depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre a corrupção na estatal, que atingiu agora o PSDB.
Segundo relato de Costa, publicado primeiramente pela Folha de S.Paulo, o ex-presidente da legenda tucana, o então senador Sérgio Guerra, que integrava uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado em 2009, o teria procurado para cobrar 10 milhões de reais para ajudar a encerrar a investigação contra a estatal. A CPI investigava irregularidades nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Guerra teria recebido os recursos em 2010, cobrados de uma empreiteira, para abastecer as campanhas do tucanato, segundo o delator, quando o senador tucano fazia as vezes de coordenador da campanha de José Serra, que perdeu a disputa presidencial daquele ano para Dilma Rousseff. Sérgio Guerra faleceu em março deste ano, vítima de um câncer de pulmão.
Durante o debate desta quinta-feira, Dilma aproveitou a deixa para usar o assunto. “Quando a gente verifica que o PSDB recebeu propina para esvaziar uma CPI, o que importa, candidato? Importa investigar", disse a petista, tentando enaltecer o fato de que o assunto, no seu Governo, é investigado com rigor. Aécio Neves respondeu que havia uma diferença entre ele e a presidenta. “Para mim, não importa de qual partido seja o denunciado, a investigação tem que ir a fundo", retrucou Aécio.

Outros personagens que já faleceram também têm seus nomes repetidos à exaustão na guerra de informações. José Janene, ex-líder do PP, por exemplo, que morreu em 2010, é citado textualmente por Costa como sendo ele a pessoa que o indicou para a diretoria da Petrobras em 2004, quando, segundo ele, começaram as cobranças de propinas de fornecedores para favorecer tanto o PP como o PT, e o PMDB. Uma das disputas entre tucanos e petistas é sobre o apadrinhamento do agora 'homem-bomba' da Petrobras, pois ele fez carreira na estatal por mais de 30 anos, tendo ascendido na empresa também durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso. Costa, entretanto, disse em depoimento que o esquema de propinas teria começado em 2004 quando foi promovido a diretor de Abastecimento.
A delação premiada de Costa está sendo conduzida pela Justiça Federal no Estado do Paraná, foco da investigação Lava Jato, que tenta descobrir os desvios de dinheiro da Petrobras. Desde agosto ele vem prestando esclarecimentos sobre os esquemas. Em setembro, reportagens de revista Veja, e dos jornais o Estadão e da Folha de S.Paulo relataram que o ex-diretor teria citado nomes de senadores, deputados e governadores em seus primeiros depoimentos aos procuradores. Um desses seria Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto no dia 13 de agosto. Neste caso, entretanto, não se sabe de que forma Campos foi citado, pois essas gravações prévias não são conhecidas. Os relatos ainda vão abastecer a imprensa por bastante tempo até que se tenha a dimensão clara dos tentáculos da corrupção na Petrobras. Até lá, as suspeitas continuarão pairando sobre uma grande corte de políticos brasileiros, inclusive entre alguns que hoje não têm como se defender.

Obtido de: http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/17/politica/1413557947_386210.html 

Todos os direitos reservados ao Jornal El País e à jornalista Carla Jiménez. Este blog tem finalidade informativa e educativa a comunidades carentes de acesso à mídia e à internet. Se não for o seu caso, prefira acessar o link acima.

Aécio perde a batalha da verdade - Por Ricardo Melo

Aécio perde batalha da verdade





A frase atribuída ao nazista Joseph Goebbels —uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade— tem sido a resposta preferida do candidato Aécio Neves e sua equipe diante de críticas. O problema é quando a verdade, repetida mil vezes, continua sendo verdade, sem contraponto ou contraditório capaz de desmenti-la.
O candidato tucano construiu uma pista de pouso em propriedade familiar. A chave da mordomia ficava na mão de parentes, os quais, aliás, ele empregou aos montes. Tudo documentado. Nenhum estudo, mesmo fabricado às pressas, provou a necessidade da obra. Isso não é uma questão íntima. É dinheiro público queimado para fins pessoais. Existe uma ação em curso, por improbidade administrativa. É um fato, não depoimento selecionado de delação desesperada, desculpe, premiada.
O governo de Minas destinou uma gorda fatia de publicidade para empresas de telecomunicações dos Neves. Nem o candidato nega. É deselegante perguntar como o rapaz lida quando se encontram o público e o privado? Cabe aos brasileiros descobrir o montante, pois envolve gente disputando a Presidência. "Não registramos quanto foi gasto", respondem o tucano e seu staff.
Documentos do Tribunal de Contas de Minas Gerais apontavam suspeitas de irregularidades no governo do atual senador. A capivara foi citada durante um dos debates. Horas depois, a papelada desapareceu do site oficial do tribunal, uma instância pública (!). Tomou Doril. Sumiu. E nada se faz a respeito.
O drible no bafômetro e outros momentos pouco edificantes da rotina noturna do senador estão fartamente documentados na internet e imprensa escrita. Não são montagem, assim como não é falso o stand-up daquele artista de fim de noite que relacionou Maradona e Aécio quanto ao consumo de drogas. Hoje o mesmo personagem posa de aecista desde criancinha. Mas nunca desmentiu a performance.
Balela a história de que trazer a público tudo isso é baixaria etc, etc. Isso é falta de argumento de quem não tem resposta.
Pense bem: quantas vezes já não deparamos com indivíduos brilhantes (o que não é propriamente o caso...), mas com uma trajetória errática, que seríamos incapazes de indicar para uma função, mesmo menor, numa empresa? Não há nisso preconceito nenhum; somente o desejo de saber qual é a pessoa certa para o lugar certo.
"Ah, mas e os programas, as propostas?", indagam os puritanos habituais. Bem, todos conhecem o que pensam tanto Dilma quanto Aécio e seu braço direito, Armínio Fraga.
A primeira pelo que ela e seu partido fizeram nos últimos tempos no Planalto. Aécio, pelo que ele e sua equipe revelam em entrevistas e jantares. Coisas como corte de gastos sociais, esvaziamento de bancos públicos, encolhimento de salários, facão nas empresas, tarifaço, mudança nas leis trabalhistas e por aí vai. As tais medidas impopulares. Para ele, sem isto o Brasil vai piorar. Acredite quem quiser.
Com a campanha perto do fim, supostas regras de etiqueta surgem para esconder o essencial. Cortina de fumaça. Estão em jogo a vida e o futuro de milhões de pessoas. Elas têm todo o direito de conhecer quem pretende ocupar o cargo mais alto da República.
Pesquisas são só pesquisas. A depender delas, o PT não teria ganho no primeiro turno na Bahia e em Minas Gerais, Aécio não teria os votos obtidos em São Paulo, e o PMDB estaria fora do segundo turno no Rio Grande do Sul.
A questão não é satanizar institutos. É dar aos seus levantamentos o peso que merecem. Mais do que nunca, o primeiro turno mostrou que a palavra final é do eleitor, não de pesquisados. Da mesma forma que é patética a tática de carimbar como mentiras verdades inapagáveis, registradas em vídeo, áudio e folhas de papel.












sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Quando Chico Buarque apoiava Fernando Henrique Cardoso

Vídeo: o samba 'Vai Passar' na campanha de Fernando Henrique Cardoso à Prefeitura de São Paulo:

http://youtu.be/p5nVSmuB75I


Uma inestimável lembrança de um tempo em que Chico Buarque e Lula apoiavam a candidatura de Fernando Henrique Cardoso à prefeitura de São Paulo. Não levou quando se enrolou todo ao tentar responder à pergunta de Boris Casoy: "Você acredita em Deus?", e porque veladamente assumiu que fumou maconha na juventude. Coisas de uma democracia ingênua, saída do berço. Nessa época, Fernando Henrique flertava com um socialismo moreno, mais próximo dos países nórdicos ou o francês - o que lhe angariava simpatias de eternos socialistas como os citados acima e que foi responsável pela cisão com o PMDB ao formar, então, o Partido da Social Democracia Brasileira. E, tal como acontece frequentemente na democracia brasileira, Fernando Henrique se viu presidente e, no decorrer do sua gestão no Poder Executivo, fez mudanças importantes no País, na sua alma e na sua consciência. Assistiu a seu partido perder o sentido histórico da palavra SOCIAl na sua sigla ao se unir à direita mais retrógada desse País - a Arena - partido criado pela ditadura militar e que, depois de muitas outras siglas, hoje é o DEM. Pela governabilidade, fez alianças com políticos corruptos e oportunistas como Maluf e José Sarney. Como qualquer outro chefe de Executivo, assistiu conivente à formação da caixa-dois de campanha pelos componentes de seu partido e de partidos aliados, na provável e sincera crença de ser a única forma possível de se manter no poder 'por 50 anos', como declarava seu homem forte - Sérgio Motta. Amargou a denúncia de participação de Sérgio Motta no mensalão para sua reeleição, conforme gravações obtidas pela Folha de São Paulo. Também viu amigos próximos envolvidos nos escândalos do Banestado - uma forma de envio de caixa-dois ao exterior, assim como licitações e privatizações fraudulentas como a do Grupo Telebrás com o Banco Opportunity, cujo principal envolvido era o tesoureiro do seu partido. Um grande êxito pessoal foi escapar ileso de todas as denúncias. O seu maior legado à sociedade brasileira foi o Plano Real iniciado no governo de Itamar Franco e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Sem a inflação para financiar as contas do governo e sem uma reforma fiscal que reduzisse os seus gastos, promoveu um enorme aumento de impostos. Ao fim de sua gestão, deixou para o governo seguinte uma taxa de juros a 23%, o dólar a quase R$3,00 e a aprovação de seu governo a 22%. Deixou ainda um projeto de lei de reforma das aposentadorias públicas, aprovada na gestão de seu sucessor. Deve estar ainda atônito sobre o efeito do filme 'O Lobo de Wall Street' às suas crenças neoliberais, assim como a estatização da General Motors pelo governo americano para que ela não fosse à falência. Deve estar tardiamente amargurado com o Nobel de Economia de 2014 a um defensor das intervenções do Estado na Economia, baseado na Teoria dos Jogos e ao ainda insistente apoio de Chico Buarque ao partido opositor. As imprecisões históricas ficam por conta das fontes sugeridas pelo google. As suposições são assumidas pelo autor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Álvaro Dias, o bandido travestido de senador

A página de Álvaro Dias, no face, postou o ordinário panfleto acima. É ordinário, porque nos trata como trouxas e desinformados. É a má intenção em pessoa. Os valores não conferem. Os valores foram muito maiores, US$800 milhões, na forma de financiamento pelo BNDES, o que é pouco se se comparar aos investimentos em portos no Brasil: US$12 bilhões em 2014 e US$31 bilhões até 2017. O financiamento exigia a compra de equipamentos fabricados no Brasil, o que levou à criação de 20 mil novos empregos. E, claro, nunca mencionaria a importância estratégica do investimento, como menciona o editorial do 'O Globo'.  Os números do investimento em portos no Brasil estão em reportagem do Estadão. Esse Álvaro Dias não passa de um bandido travestido em terno e gravata, tratando-nos como imbecis e desinformados.



Editorial do 'O Globo'.

Investimento no Porto Mariel faz sentido

Há vantagens para empresas brasileiras na execução do projeto e oportunidades estratégicas. Mas isso não elimina a necessidade de transparência no apoio a Cuba

por


Investimento em portos somará R$ 54,2 bilhões até 2017

Renata Veríssimo, Anne Warth e Eduardo Rodrigues, da Agência Estado
06 Dezembro 2012 | 12h 09

Aportes serão aplicados em arrendamentos e terminais de uso privativo, sendo R$ 31 bilhões em 2014 e 2015 e R$ 23,2 bilhões em 2016 e 2017 

Texto atualizado às 12h55
BRASÍLIA - O governo anunciou nesta quinta-feira investimentos de R$ 54,2 bilhões até 2017 para o setor portuário. Segundo documento distribuído pela Secretaria Especial de Portos, os novos investimentos serão aplicados em arrendamentos e terminais de uso privativo (TUP), sendo R$ 31 bilhões em 2014 e 2015 e R$ 23,2 bilhões em 2016 e 2017.

O objetivo, segundo o ministro-chefe da Secretaria de Portos (SEP), Leônidas Cristino, é aumentar a competitividade da economia, eliminar barreiras à entrada no setor e estimular o investimento no setor privado.
"Precisamos modernizar a infraestrutura e gestão portuária para aumentar a movimentação e diminuir o custo do setor portuário brasileiro", afirmou, durante anúncio de medidas para o setor portuário no Palácio do Planalto.
Os portos beneficiados são Espírito Santo, Rio de Janeiro, Itaguaí, Santos, Cabedelo, Itaqui, Pecém, Suape, Aratu e Porto Sul/Ilhéus. Também estão incluídos Porto Velho, Santana, Manaus/Itacoatiara, Santarém, Vila do Conde e Belém/Miramar/Outeiro, Porto Alegre Paranaguá/Antonina, São Francisco do Sul, Itajaí/Imbituba e Rio Grande.
Outros R$ 2,6 bilhões serão investidos em acessos hidroviários, ferroviários e rodoviários e em pátios de regularização de tráfego nos 18 principais portos públicos brasileiros. O Ministério dos Transportes entrará com R$ 1 bilhão e o restante será executado por Estados e iniciativa privada.
Secretaria de Portos
Cristino disse que o governo fará uma reorganização institucional, com aprimoramento do marco regulatório e eliminação de dificuldades para entrada e competição do setor. "Para isso, precisamos de investimento, novas concessões, todos os arrendamentos que estamos prevendo e investir recursos para melhorar acessos aquaviários e terrestres."
Segundo o ministro-chefe, todo o planejamento do setor portuário passará a ser centralizado na Secretaria de Portos. "Antes, todo porto fazia seu planejamento sem olhar o Brasil como um todo, com recursos dispersos. Assim, o aumento da competitividade e cargas ficava ao largo. Por isso, centralizamos."
Para promover o planejamento logístico integrado, o governo vai unir ações do plano de rodovias e ferrovias e do plano para portos, integrando a área de transportes à área portuária para otimizar o uso de recursos. "Também vamos introduzir plano nacional de dragagem", afirmou.
Região Sudeste concentra investimentos
Segundo Cristino, a região Sudeste é a que mais receberá investimentos. A distribuição, segundo ele, ficou assim: Norte receberá R$ 4,37 bilhões em investimentos em 2014 e 2015 e R$ 1,59 bilhão nos dois anos seguintes. Nordeste ficará com R$ 6,775 bilhões em 2014 e 2015 e com R$ 5,159 bilhões em 2016 e 2017.
Já o Sudeste receberá R$ 16,509 bilhões nos dois primeiros anos e R$ 12,146 bilhões em 2016 e 2017. E por fim, a região Sul receberá investimentos de R$ 3,363 bilhões em 2014 e 2015 e de R$ 4,250 bilhões nos dois anos posteriores.
O ministro anunciou que as linhas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a realização destes investimentos terão correção pela TJPL mais 2,5% ao ano. O prazo de carência será de até três anos, com amortização em 20 anos e alavancagem de até 65%.

Leia em:

http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,investimento-em-portos-somara-r-54-2-bilhoes-ate-2017,137198e

terça-feira, 14 de outubro de 2014

As denúncias contra Chalita nunca foram provadas mas destruíram sua carreira política.

Como destruir uma carreira política

As denúncias e o caso Gabriel Chalita

As acusações feitas ao ex-deputado e ex-secretário da Educação de Alckmin foram arquivadas, sem prova. Mas sua carreira política foi liquidada 
 
 
por Luis Nassif publicado 14/10/2014 



Em todo modelo democrático, há a influência de grupos econômicos na política. Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, cada partido político monta alianças com grandes grupos que irão financiar suas campanhas e ter direito ao butim.
São partes interessadas todos os grupos que dependem de demandas do Estado de empreiteiras a grupos de mídia -, que dependem da regulação pública – empresas de telecomunicações -, no caso dos EUA empresas ligadas ao complexo industrial-militar.
A diferença do Brasil é o grau de promiscuidade da política com os negócios, que chegou a tal ponto que criou uma cadeia improdutiva da corrupção, na qual todos se beneficiam.
O partido que está no poder seja o federal ou nos estados beneficia-se e aos seus, enquanto situação. Do outro lado, o principal partido de oposição se beneficia do discurso da denúncia especialmente se não tem bandeiras para colocar no lugar.
Ponto central nesses jogos sao os grupos de mídia. Sao eles que dão repercussão a denúncias. Quando isentos, sao grandes fiscais da cidadania. Quando parciais, tornam-se cúmplices de jogadas do pior nível.
***
O jogo é simples. Aparece uma testemunha qualquer, com idoneidade ou não, e faz uma acusação verbal contra o alvo a ser destruído. Pouco importa se a acusação tem fundamento ou não. Aceitam-se até acusações em off, sem a menor garantia de que exista ou nao um acusador.
O passo seguinte é conseguir um procurador que transforme a manchete em inquérito. Depois, há a investigação de praxe, que fornecerá mais materiasl para denúncias, em um processo de retroalimentaçao.
No final, pouco importa se nada foi apurado, se a pessoa era inocente, se as denúncias eram falsas. O estardalhaço foi suficiente para liquidar com sua vida ou carreira política. E nada ocorrerá com os que participaram da trama - de procuradores e veículos de mídias.
***
Um exemplo notório desse jogo é o que ocorreu com o ex-deputado Gabriel Chalita.
Secretário da Educação de Geraldo Alckmin, acumulou um bom cacife eleitoral.
José Serra cercou seu espaço no PSDB e Chalita se viu obrigado a mudar de partido. Foi para o PMDB, candidatou-se a prefeito de São Paulo e obteve 13% dos votos. Seria um candidato competitivo ao governo do estado de São Paulo.
***
De repente, aparece um ex-assessor com uma denúncia amplamente repercutida pela revista Veja que sempre atuou como uma espécie de braço armado de Serra.
Na sequencia, o então Procurador Geral da República Roberto Gurgel enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedido de abertura de inquérito contra ele. Em São Paulo, foram abertos 11 inquéritos pelo Ministério Público Estadual.
Os jornais de São Paulo foram inundados de declarações dos promotores estaduais, divulgando documentos, fotos, e-mails do ex-assessor, mesmo antes de apurar sua consistência e veracidade.
***
A maior parte das denúncias foi arquivada, por falta de provas. Restaram alguns episódios menores, de âmbito administrativo.Mas a carreira política de Chalita estava liquidada; sua vida pessoal, devassada. O que aconteceu com os veículos que divulgaram as falsas denúncias?
Nada. No precário modelo jurídico brasileiro, eles têm liberdade para matar.

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 E como se plantam notícias para destruir uma carreira? Veja o exemplo a seguir:

Obtido de:
Blog do Reinaldo Azevedo a serviço de Veja


08/05/2011
às 6:55

Chalita, o “bonito”, revela por que sua produção já supera Machado e Graciliano somados. Ou: Um católico tem a obrigação de dizer a verdade. Ou: ele junta Castro Alves com os albinos da Tanzânia!!!

 

O deputado federal Gabriel Chalita (PSB por enquanto) é mesmo um homem surpreendente. Ele andou meio bravo comigo porque cotejei uma entrevista sua com uma palestra. Trata-se do post A incrível história de Gabriel Chalita, um rico menino pobre, e sua velhinha desalmada. Em uma, seus pais eram amantes do saber; em outra, o infante oprimido era esmagado por uma família infensa a seus dotes intelectuais. Também me espantei um tanto com uma senhora de um asilo, uma professora, que fazia o garoto Gabriel, aos oito anos, ainda um anjo, ler Sartre… Se a minha memória não falha, quando ele devolvia o livro à mestra, dizia: “Não entendi nada, mas adorei!” Sartre aos oito anos é um caso explícito de molestamento filosófico.
“Não entender, mas adorar” é coisa de quem aprende com o coração, entenderam?
No texto de que ele não gostou, também confronto duas informações: uma dá conta de que um apartamento espetacular em que ele mora, aqui pertinho, avaliado em R$ 8 milhões, foi comprado com parte de uma herança familiar; outra nos diz que ele era pobre de marré, marré, marré.
Não entendi nada, mas adorei.
Chalita está na Folha de hoje, numa entrevista a Morris Kachani. Aos 42 anos, já escreveu 7.835 livros — 54 para ser mais preciso. Diz estar com “tesão” para ser prefeito de São Paulo. Eu poderia escrever que os paulistanos aguardam apreensivos. Mas diriam que estou sacaneando o deputado neo-socialista, que está de mudança para o velho PMDB.
Indagado se faz literatura de auto-ajuda, respondeu:
“Não sou um autor de auto-ajuda. Isso é herança de quando o Serra brigou comigo. Tentou me desconstruir intelectualmente. De repente, acionou todos os seus amigos e blogueiros. Eu era o geniozinho e virei o escritor de auto-ajuda. Mas tudo que escrevo tem um enfoque filosófico.”
Nunca conheci ninguém menos ignorante do que o próprio Chalita que o considerasse um “geniozinho” — eventualmente aquela velhinha que o levava a ler Sartre aos oito anos… Na entrevista, ele explica o seu método de criação. E a gente entende as duas coisas: por que alguns o consideram gênio e por que, de fato, ele é um autor de auto-ajuda.
Eu sei que ele me inclui entre os “blogueiros” do Serra. Como não conheço os outros, devo ser o único. Quando o ex-governador está entediado, me liga:
— Dá aí uma cacetada na obra filosófica do Chalita.
Obediente, vou lá e executo a tarefa. Afinal, se não sou eu a falar mal da obra deste gigante da filosofia, quem o fará? Não há livro seu que não deixe a crítica de queixo caído. O silêncio que se ouve não é desprezo, mas estupefação diante do Maravilhoso. Ele há de entender a surda reverência diante da Epifania!
Na entrevista, a gente entende por que Chalita já escreveu 7.836 livros (eram 7.835 quando comecei o post). Esta pergunta e esta resposta revelam seu método de criação:
Folha – Só no ano de 2010 foram oito livros. Como consegue ser tão prolixo? Trabalha com “ghost writer”?
Chalita –
É que deve ter muito livro infantil aí. O livro que fiz com o Mauricio de Sousa, por exemplo, escrevi no avião em uma viagem de São Paulo a Natal. O “Pedagogia do Amor”, escrevi em 15 dias. “A Ética do Menino” foi no Réveillon. Estava na casa de Ângela Gutierrez em Salvador. A Milu Vilella sentou ao meu lado e disse: “Deixe-me ver como você escreve”.
É um potentado! Se Chalita fosse um ginasta, Milu pediria: “Chalita, dê uma pirueta!” E ele daria pirueta. “Agora uma estrela!” Pimba! Lá estaria o Chalitinha encantando as senhoras com sua agilidade. Como é escritor, alguém se acerca e pede: “Deixe-me ver como você escreve”. E lá vai ele, segundo entendi, com uma variante da escrita automática, lançando no papel tudo o que lhe vem à mente, segundo o método da livre associação. É verdadeiramente mágico! Não fossem o Serra e seus blogueiros, seria uma unanimidade!
Chalita prepara seu 7.838º livro (o 7.837º veio à luz enquanto eu redigia o parágrafo anterior). Mais uma contribuição seminal ao pensamento, sobretudo porque ele revela que escreve sem fazer pesquisa, o que alguns já haviam percebido sem que houvesse a confissão. Leiam:
Folha – O que você está escrevendo agora, a propósito?
Chalita -
Estou com um projeto sobre correspondências imaginárias entre Sócrates e Thomas More. Em dez dias nos EUA, quase acabei.
Folha – Você escreveu de cabeça, sem pesquisa?
Chalita -
De cabeça, porque na verdade meu Sócrates é um camponês, e meu More é professor. Então, eu pego conceitos filosóficos, mas são diálogos. Adoro escrever cartas. Ficção com base epistolar é muito bonita.
Compreendo. Quem conhece Sócrates não perde tempo com ele, e quem não conhece o toma por Platão. Em outra resposta, ele deixa ainda mais claro o momento em que Pégaso escoiceia a Fonte de Hipocrene:
Folha – Como funciona seu processo de criação?
Chalita -
Faço associações. Por exemplo, os rituais macabros com albinos na Tanzânia que menciono em um livro. Fiquei sabendo disso no Congresso. E eu adoro o “Navio Negreiro”, daí eu pego a coisa da Tanzânia, e penso no pássaro que o Castro Alves imaginava sobre aquela nau, vendo aquele sofrimento. Então, eu vou buscar o Castro Alves e coloco lá.
Compreendo… “A coisa da Tanzânia”, misturada a Castro Alves, resultou em mais uma obra de puro chalitismo. Considerando que boa parte de seus leitores não conhece o poema, parece que se revela um segredo: é a chamada inspiração “chupa-cabra”.
Já estou antevendo. Os “fãs” de Chalita, não sei se de modo espontâneo ou estimulado, entrarão nos comentários para dizer que estou com dor-de-cotovelo: “Você, que só escreveu três livros, está com inveja do Chalita, que está escrevendo o 7.939º…” Epa! Ela já publicou mais do que Machado de Assis e Graciliano Ramos somados. É razoável! Aqueles dois não tinham tanto assim a dizer. Não eram dotados dessa mente fervilhante.
O católico
Chalita se coloca como “o” católico da política. Isso o obrigaria a não mentir, a não levantar falso testemunho, nem para prejudicar seus adversários nem para proteger seus aliados. Leiam o que segue:
Folha – Que pensa do aborto?
Chalita -
Sou contra o aborto. Sou um defensor ardoroso do direito à vida. Há bens inalienáveis, como a vida.
Folha – Acha que Dilma e Serra também são contra ou foi apenas um jogo de cena?
Chalita -
Não sei. Nas conversas com a Dilma, ela dizia que os ricos fazem e os pobres não, daí a injustiça. O Serra acho que era mais favorável.
Se Dilma disse mesmo aquilo a Chalita, falou uma grande besteira. Mas pode ser apenas a aplicação prática de seu método criativo à política. Pobres e ricos fazem aborto no Brasil – os pobres mais do que os ricos numérica e percentualmente porque têm menos acesso à informação, ao planejamento familiar e a métodos contraceptivos. Mas essa desigualdade não torna o aborto justo ou injusto. Se Dilma disse mesmo essa tolice a Chalita, não posso asseverar. Em nome da verdade, o soi-disant “católico” Chalita deveria lembrar que a agora presidente fez a defesa explícita do aborto, mais de uma vez, como um “direito” da mulher — e, pois, segundo as palavras do próprio, isso não a caracteriza como uma “defensora ardorosa” da vida.
Chalita tem com a verdade o mesmo rigor evidenciado na sua produção sobre Sócrates: “O Serra acho que era mais favorável [ao aborto]“. Não há uma só declaração do ex-governador — à diferença de Dilma — em defesa da legalização do aborto ou de sua prática. O bom “católico” Chalita está apenas fazendo política mesquinha. Ele tem o direito de se opor a quem quiser, mas, para um pensador da ética, sua prática é lastimável.
Deixo claro que não o considero um escritor de auto-ajuda no sentido tradicional da expressão. Eu realmente não creio que alguém ganhe alguma coisa ao ler um livro seu. Folheei um único num consultório médico, perdido em meio a revistas “Caras” e “Quem”… Era aquele sobre a ética do menino ou algo assim… Tive um ataque de riso logo na segunda página. Os demais pacientes devem ter achado que eu tinha errado de especialista. Chalita é “auto-ajuda”, sim: sabe ajudar-se como poucos!… Ninguém pode condená-lo por isso se há quem o leia. Ele tem de se conformar: não é um gênio; trata-se apenas de um rapaz muito esperto.
Na abertura da entrevista, informa a Folha:
” (…) enquanto posava para as fotos, [Chalita] afirmou: “Esses árabes bonitos são fáceis de fotografar”.
Ok. Sua pretensão de ser bonito chega a ser mais justa do que a de ser inteligente.
Texto publicado originalmente às 18h07 deste sábado
Por Reinaldo Azevedo